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Mostrando postagens de abril, 2014

O direito de ter direito

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Desde que moro no Brasil, a lista de ocorrências para me passar a perna e lucrar dinheiro, mais do que extensa é virtualmente interminável: acordos e contratos não respeitados, palavras não cumpridas, valores aumentados de repente, cobranças absurdas, multas injustas, etc. Tudo por dinheiro. Dinheiro, dinheiro, dinheiro: danado, sujo, imediato. Calculei que em pouco mais de um ano o dinheiro “jogado fora” (perdido? subtraído?) por não ser “experto” com “essas atitudes” para que não estava preparado é mais ou menos de 70 mil reais . De fato, paguei um Mestrado em "jeitinho e malandragem". Em relação a isso, vivi três etapas. Na primeira, que poderíamos chamar de "paranoide", atribuía estes comportamentos diretamente ao fato de ser estranho e estrangeiro, conforme ao cliché de leigo e rico: ou seja, que não sabe, que passa, que vai embora e traz euros. Lembro uma vez em que comprei uma planta para um casal de pacientes. 24 reais o valor exposto na placa, rigo

Mobilidade urbana: o carro na cidade e na cabeça

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Como já escrevi um dos principais fatores a serem considerados, a fim de entender uma cultura são a maneira de alocar o que espaço (arquitetura, urbanismo, infraestruturas, etc.) e a relação que as pessoas têm com o carro. O que muitas vezes foge é que esses aspectos, cultura, auto e cidade, estão fortemente interligados e interdependentes.  O carro, em particular, determina e domina seja a estrutura da cidade (economia e urbanismo) que a do indivíduo (comportamentos e psicologia). Vamos ver como. As primeiras estradas para fins de mobilidade urbana foram construídas em 1836 na França para uso militar. Mas com a descoberta de petróleo, a consolidação da cadeia de montagem e, especialmente, a Segunda Guerra Mundial, foi decidido concentrar-se na produção do carro.  Por quê?  Simples! Os fabricantes de automóveis e óleo eram os mesmos que produzidas armas e que controlavam, portanto, políticas e governos e que, dando-se conta de que outras guerras clássicas já não eram um neg

A minha Res-Publica

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Esta é uma reflexão. Não uma crítica. O pretexto decorre do fato de que o serviço público onde, além do consultório, trabalho fechou nessa semana ao meio-dia para que nos funcionários pudéssemos comemorar o aniversário de um colega. Vocês diriam: e daí? O ponto é que, geralmente, o serviço, que repito é público, não fecha neste horário sendo que oferece aos seus utentes o almoço, grande auxilio para eles. Bom, sendo que o valor da troca de ideias me importa muito mais do que ser julgado "chato", declarei a minha perplexidade: "Para mim não está certo! Estamos afetando uma coisa pública, para um propósito particular". As reações me deixaram por um lado surpreso, por outro me induziram a pensar. "Mas imagina, como poderemos se não nos encontrar-nos? À noite, temos outras coisas para fazer. É o único momento em que todos ficamos disponíveis!”; ”É normal, todo mundo faz isso. O prefeito mesmo participa e nunca disse nada"; "Mesmo o cancelamos qua

Eu (não) mereço ser estuprada

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Um nenê apanhado dos pais não tem estruturas psicológicas para entender que isso está errado. Alias vai criar-se construindo uma imagem de si enquanto merecedor de desvalor.    Uma pesquisa da Ipea  sobre a tolerância à violência contra as mulheres e um artigo da revista francesa Le Monde, nessa semana, me chamaram atenção de como o mesmo principio se aplica aqui a uma das realidade do que me ocupo há mais tempo: a mulher. A pergunta surge  espontânea : como é que a mulher está se criando hoje no Brasil? Como já escrevi em outras colunas a mulher se depara ainda em uma contradição: por um lado, uma herança histórica que a limitou a ser mãe, esposa, etc.; por outro, a possibilidade de escolher seu futuro e se fazer sujeito de sua história, em pé de igualdade com o sexo masculino. Porém, é no interior dos lares que vem à tona o lado mais obscuro e cruel desta contradição, muitas vezes com a conivência da própria vítima: a violência (doméstica) contra a mulher. A pe