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Mostrando postagens de maio, 2015

SE DEUS QUISER

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As palavras expressam muito mais do que dizem. E eu, cívico, laico e que fiz cinco anos de teologia na Universidade Católica de Milão, sempre estremeço ao escutar a locução “se Deus quiser”, usada em cada frase, para finalizar qualquer assunto. Culturalmente, o “sDq” parece uma posição clara na disputa teológica milenária entre predestinação, livre arbítrio e responsabilidade do homem, com si mesmo e os outros. Em particular, parece apoiar a visão ultracalvinista de um mundo já totalmente alocado por vontade de Deus. Dele dependeria totalmente tudo o que acontece: um destino abrangido entre fatalismo e predeterminação. Algo que tira a responsabilidade do homem para as suas ações e a determinação dessas sobre os efeitos, individuais ou sociais que sejam; essa abordagem à vida parece ser ratificada por outras gírias recorrentes, tais como “pois é” e “fazer o quê?”, que legitimam resignação, respeito a uma realidade independente ou superior à própria vontade e determinação e reforç

Facebook e o fim do relacionamento

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Mais de 20% dos casais que se separam hoje justificam a decisão pelas mensagens incriminadoras descobertas no Facebook. Faz tempo que as redes sociais entraram em nossas casas, mas será que são mesmo um perigo para os relacionamentos amorosos? Hoje em dia não existem mais desculpas para não saber como usar o Facebook sem ser descobertos, se vocês realmente querem trair seu parceiro. Todos conhecem as configurações de privacidade, certo?  Mas vamos um passo atrás. Há um casal que está junto há anos, a idade não importa, dizem as estatísticas. Mesmo o sexo não conta. Ele regularmente volta para casa no fim do dia e, em seguida, liga o computador. Vê as fotos de uma pessoa fascinante, clique um “curtir” e troca palavras em público. No dia seguinte, a mesma cena. A troca em público desliza em uma mensagem privada, e continua assim por vários dias. Talvez os dois param em declarações platônicas e nunca se reunirão na vida real, mas mesmo assim, aquele casal que parecia tão sólido

Mas que crise?

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Depois da Russia, é a volta de outro país do Brics, ou seja, o Brasil, estar em dificuldades depois de anos de crescimento econômico. Só para ter uma ideia: só em 2014 o país gastou 6% do PIB em pagamentos de juros sobre a dívida. Mas quando ouço as pessoas reclamar da “crise”, sempre me pergunto: mas de que crise estão falando? Econômica? Financeira? E que ideia de mercado tem os que falam de crise? Que parâmetros de avaliação vêm usados? Onde está a memória?  Quero dizer: nos últimos 25 anos o Brasil tem visto altos e baixos. A inflação ao início dos anos 1990 aumentou mais de 2.000%, e só a introdução de uma nova moeda em 1994 quebrou a tendência. No final dos anos 90 o déficit do país e a elevada dívida pública acumulada fez intervir Fundo Monetário em 2002. De repente, em seguida, a situação mudou radicalmente entre 2002 e 2008, o país registrou taxas de crescimento de 4% ao ano, com fortes aumentos das exportações de ferro, petróleo e açúcar. Mas hoje o Brasil está em apur

Mudita - O princípio da felicidade

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A palavra sânscrita “mudita” significa “ alegria desinteresseira para o sucesso de alguém ”; mais ou menos o oposto da alemã “schadenfreude”, ou seja, “ alegria causada pela desgraça dos outros” . Mudita é uma das quatro principais virtudes do Budismo e, eu acho, mais rara do que a schadenfreude. Isso porque, o conceito de felicidade baseia-se, mais do que gostaríamos de admitir, na comparação: "ser feliz", muitas vezes significa sê-lo mais do que os outros. "Não é suficiente que as coisas foram bem; tem que dar errado para os outros", dizia o cáustico Vidal. É por isso que, de acordo com algumas pesquisas, um pequeno aumento de salário só para nós pode nos deixar mais felizes do que um superior, mas também reconhecido aos nossos colegas. Talvez isso também é a razão do porque, em alguns países, a taxa de felicidade e de suicídio são igualmente altas. Quando você está cercado por pessoas felizes, sentir-se infeliz é particularmente deprimente. Mais ou