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Mostrando postagens de julho, 2015

Insatisfação: por quê?

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Há muito tempo que trabalho como psicólogo. Mais do que 15 anos. Especializei-me em diferentes linhas de trabalho e técnicas metodológicas porque, me parece óbvio, cada situação e problema tem que ter a sua resposta e solução específica. Cada pessoa é única. Cada realidade e sistema tem um desenho original, sem possibilidade de cópias. Porém, a base, o papel sobre o qual a obra de arte (o indivíduo, a pessoa, a família) pega forma, em determinadas fases, é a mesma para todos: se chama cultura. A cultura produz e reproduz linguagens, soluções, recursos, vínculos, limites e desafios através dos quais o indivíduo-sistema levanta o cômpito a existir. O mandato é sempre o mesmo: sobreviver, encontrar-se, reconhecer-se, ganhar o direito de amar e ser amado. Alguns a chamam de felicidade. Outros de graça. Poucos de paz. Entender a cultura do tempo (o famoso Zeitgest, dos filósofos) é fundamental para ajudar as pessoas a existir, superando seus problemas e dificuldades. Ao mudar da cultur

Antropologia do supermercado - Capítulo 1: a competência emocional

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O supermercado é um templo privilegiado para observar e especular sobre as matrizes culturais subjacentes aos comportamentos e as dinâmicas individuais, familiares e grupais que, justamente, nesse “não-lugar”, como o definiria Marc Augé, vem expostas, produzidas e reproduzidas de maneira extremamente evidente.  Veja só.  Ontem. Meio-dia. Estava com pressa. Agenda lotada. Tinha tudo sincronizado. Mas como renunciar ao meu chocolate? Admito: sou chocólatra. Entrei. Comprei. Fui. Mas, já na rua, o deslumbramento. O chocolate estava com a embalagem aberta. Beleza. Pode acontecer. Quem sabe como vem transportados e/ou conservados esses produtos? Quantas excursões térmicas sofrem? Entre quantas mãos passam? Etc. Bom, voltei. Ainda com maior afobação. Rapidamente avisei a atendente que ia trocar o produto. Já deixei a nota fiscal e me atirei entre corredores e prateleiras. Na saída, mostrei o produto, agradeci e fiz para voltar velozmente ao consultório. Não gosto de atrasar. M

Redução maior idade penal - POR QUE?

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4 propostas de emenda constitucional no senado, 27 propostas no Congresso Nacional, outros 4 PECs e 19 projetos na Câmera dos deputados. Todo esse “trabalho” político para uma única pauta: a redução da maior idade penal. E a seguir pesquisas, reportagens nos medias, debates públicos, ativações e movimentos populares, etc. Eu, que não entendo nada, tenho somente uma pergunta:  POR QUE?  POR QUE uma proposta do 1993 (PEC 171/93) está retomando tanto clamor agora?  POR QUE uma questão tão pouco significativa respeito aos verdadeiros, profundos, congênitos problemas do País, a dos adolescentes em Conflito com a Lei, que envolve apenas o 0,5% dos jovens do Brasil (dados CNACL), parece agora uma prioridade absoluta e urgente? POR QUE esse tempo gastado nas “casas” políticas e mediáticas (Congresso, Câmera, Senado, TV, etc.) não vem utilizado para resolver problemas como a reforma política, a desigualdade social, a corrupção, a falta de transparência na gestão pública e