TE AMO, TE ODEIO, TE AMO ...



Apesar que possa estranhar, de um ponto de vista biológico e psicológico, amor e ódio são dois sentimentos de equivalente interesse cientifico. As duas, mesmo diferentes em primeira instancia, impulsionam a fazer atos irracionais, malvados ou heroicos. Mas como é possível que sentimentos opostos gerem comportamentos parecidos? 

Amor e ódio ativam os mesmos circuitos cerebrais, ou seja os dois envolvem, mesmo se de maneira diferente, a mesma área da córtex pré-frontal e duas distintas estruturas da sub-cortex: o putamen e a insula.
Mas como vivemos tudo isto? Ou seja, qual a sua psicologia? Temos que partir do entender algo de fundamental: o ódio é o repudio primordial que o nosso “EU” opõe ao mundo externo para proteger-se de fontes de magoas. 

De fato o ódio é um estado afetivo profundo: pode ser traduzido como sentimento de aversão, cólera e hostilidade que alguém pode nutrir para o parceiro, outra pessoa ou um grupo social. De fato a reação de ódio (e destaco reação) desencadeia-se como reação fisiológica contra o ataque e a contaminação de atitudes destruidoras e devastadoras. 

Em uma relação de amor, isto fica ainda mais nítido e em destaque, bem pela ambivalência afetiva que pode-se criar entre duas pessoas e a percepção de quem ama de se sentir em perigo. 
Por esta razão odiar, muitas vezes, significa encarar uma ideia, um pensamento, uma abstração mais do que a pessoa real; vivem-se mais os efeitos devastadores sobre si mesmos mais do que olhar na cara o objeto mentalizado. Neste sentido, o ódio tem a mesma dignidade do amor, sendo que tem valor defensivo e protetivo para o sujeito.

Mas o ódio é o outro lado inevitável do amor? 
Muitas vezes, num casal os momentos agressivos do parceiro ou os momentos difíceis, vem vivenciados como experiências ou sacríficos a aceitar, quase uma “conditio sine qua non” a absolver. Aceitar se torna a melhor solução, a mais certa “por amor” ou para o bem da família. Pena que assim vem despercebido o real fundamento do dualismo amor e ódio que vem agido. 

Mas de onde vem e por que raiva, agressividade e ódio alcançam as suas máximas expressões bem na relação de amor? Eu penso o seguinte: quem ama de verdade, não pode evitar e nem sequer fugir de abrir e entregar si mesmo interiormente. E a agressividade que abriga-se na relação amorosa torna-se atual e pesada sobretudo quando um dos dois começa nutrir sentimentos para outra pessoa, entrando assim num estado de perigo. Me explico melhor, quando a pessoa que ama, investe de desejo alguém, tornando-o se objeto de desejo, bem naquele momento nasce e cresce a sua própria vulnerabilidade. 

Em outras palavras, cada pessoa que ama de verdade se torna vulnerável de maneira diretamente proporcional a profundidade e intensidade do amor que sente para o outro. 

Quando duas pessoas brigam, ativam sensações de amor e ódio, as quais ativam de volta alguns mecanismos: por exemplo, e parece incrível, ou não, as brigas ativam o mesmo mecanismo mental de um serial killer: ativamos a agressividade para buscar um resgate da dependência no qual o nosso desejo de amor nos coloca a respeito da pessoa amada. Isto porque a dependência amorosa pode ser vista como algo que fere a nossa dignidade. 
Portanto, no momento da briga, transformamos provisoriamente a paixão amorosa em paixão agressiva, para que assim desta maneira o parceiro entenda que não pode nos esmagar, rebaixar aos seus pês, que não estamos ao seu serviço, a suas ordens ou dependências, que somos nós a decidir e que somos fortes e não vulneráveis. E tudo isto, talvez, acontece por meio de palavras gritadas e carregadas de ódio, em que a mensagem final, de verdade, é que não podemos e não conseguimos ficar sem o outro e que perante ele somo vulneráveis. 
E esta vulnerabilidade inconsciente vem contida por meio destes comportamentos. Alguns acreditam que apenas quando se ama de verdade se odeia, porque o ódio é a resposta aquela ameaça que é o amor.

Mas temos que ter cuidado, porque se o ódio se descontrola pode destruir seja nos mesmos que a pessoa amada.

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