Mães, filhOS e o berço do Machismo

Como quem me conhece sabe, sempre costumo salientar quanto seja dura e retrograda a condição das mulheres dentro uma cultura machista. Não é fácil não. Uma verdadeira batalha que quando se encara, traz sofrimento e desconformidade e quando se evita, tira dignidade e futuro. 

Mas o fato de defender as mulheres não significa que as considero vitimas. Bem pelo contrario. A cultura machista É criada pelas mulheres: começa com a educação dos filhos e continua confirmada cada vez que se não se diz “não" diante cada ato de desigualdade, dependência, submissão e carência ou, pior, quando são as mesmas mulheres que perpetram esses atos. 

Uma minha ex-aluna de pós em Chapecó, replicando e acrescentando ás essas minhas palavras no meu facebook, destacou a importância de educar as filhas, reconhecendo, implicitamente, como momento chave da produção da cultura machista ou da falta de quebra desse paradigma, o momento da relação educativa entre mães e filhas, CONFORME AO PRINCIPIO DE IDENTIFICAÇÃO.​

Mas isto não é suficiente. Na minha humilde opinião (IMHO) a cultura machista não se muda educando as filhas. Na educação com as filhAS só se REPRODUZ a cultura machista. A cultura machista se PRODUZ na educação com os filhOS. 

O berço da criação da cultura machista nasce na relação entre MÃE e FILHO. Em particular no momento que, para a mulher, o filho homem é o primeiro verdadeiro homem da vida dela, sendo sido o pai inalcaçável e o marido, muitas vezes, mais uma necessidade social e econômica do que uma liberdade ou uma verdade de sentimento. 
Com o filhO homem, a mulher-mãe vive, pela primeira vez, toda uma serie de emoções intensissimas e de resgate que, de uma lado a tornam dependente daquele filho (vive por ele e tem medo de perde-lo) e, do outro, o coloca (o filhoO) ao centro do mundo...e ela, mulher-mãe, faria qualquer coisa por este filho: uma dependência psicologia que se torna logo uma dependência fisiológica, até o ponto de precisar te-lo perto tão frequentemente de impedir que seja dono da vida dele​, MAS DONO DA VIDA DA MULHER​.

Mas bem por isto, consequentemente, o filho-homem internaliza que ele está ao centro do mundo e que a mulher vive para estar a disposição dele. De um lado portanto não está preparado a reconhecer e aceitar quando ela não for a total disposição dele (agindo e reagindo com violência, ciúme, posse, etc) e de outro, me pergunto, por que teria que respeita-la se nunca foi educado a nem sequer receber, reconhecer e respeitar um 'não" que nunca veio por conta da mulher-mãe que a colocasse (a mulher-mãe e consequentemente a ideia de mulher) antes dele mesmo?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mudita - O princípio da felicidade

Pilotos cegos ao governo e...protestos

Crianças Mal Educadas (como rechonece-las) e Sentimento Civico