Cair e levantar-se
Quando tinha 8 anos meu pai me deu de presente uma moto. Lembro perfeitamente a emoção em recebe-la. Era uma Fantic Moto 50; uma moto para fazer “Trial”, ou seja fazer percursos de trilha superando morros, pedras, rios, etc., simplesmente usando o motor e o equilíbrio, ou seja, em via de regra, sem nunca puder apoiar os pês no chão. Era uma moto potente. Tanto potente quando a minha emoção e alegria, até maiores da minha perplexidade. Já me dava conta que meu pai estava me dando aquele presente como uma forma implícita de projeção dele mesmo. Ele era (e ainda é, apesar da idade, da saúde precária e da barriga), louco por motos. Mas era este presente um implícito mandato a ser a continuidade dele? Significava, reconditamente, que tinha que ser o que ele gostaria eu me tornaria? Teria que gostar do que ele gostava? Fazer o que ele fazia? Talvez trabalhar na empresa de família? Ao lado dele? Depois dele? Além dele? Quanto aquele presente era pra mim ou pr...