A elegancia do politico

Umberto Eco, umas das minhas referencias intelectuais, costumava dizer que um homem cada vez que coloca uma gravata está fazendo uma escolha ideológica. O que ele queria dizer é que com esse gesto, quem veste a gravata está cientemente ou implicitamente reproduzindo e produzindo uma bem determinada ordem de valores culturais e sociais regradas conforme ao sistema do mercado: isso inclui uma certa lógica de classe fundada sobre o valor moral da hierarquia paramentada conforme ao sucesso económico. Ou seja, um mundo onde a lógica do contrato, do produto e das relações finalizadas a ganhar dinheiro valem mais do que outras lógicas. 

A gravata, assim como outros artefactos, são chaves e símbolos para declarar que tu sustenta e fica dentro essa ordem. 
Por exemplo, um meu paciente advogado em BC, me raciocinou claramente como quando tu abre um escritório de advocacia, os primeiros investimentos que tem que fazer para ganhar mercado são um super carro e um celular de ultima geração para mostrar-se aos clientes e a sociedade; valem mais de um doutorado ou das causas ganhadas. Tudo bem, faz parte. E até que isto vem aceitado como regra do jogo do mercado (e não moral) não vejo nada de errado. 

Outro jogo e outras regras tem a política. 

Eu acredito que a política tenha que ter uma função alta a respeito da sociedade. Acredito que primariamente tenha que ter uma dimensão filosófica, ou seja uma capacidade de pensar sobre a essência das situações, das pessoas, das organizações e das estruturas culturais para cumprir o seu trabalho alto de planejamento e gerenciamento do bem estar de um pais e de realidades locais. 

Apesar do que democracia é representar, os políticos teriam que incarnar a ideia e a referencia dos melhores, para os outros. 

Acredito, da mesma forma, que a política tenha também que absolver uma função de referencia alta, de modelo de comportamento ético e moral para proporcionar um caminho ao qual as pessoas inspirar-se para evoluir e um padrão para o qual convergir. 
E os políticos que entram nesse jogo teriam que aceitar e cumprir cientemente e implicitamente essa função alta. Por meio de todos os seus comportamentos. Primariamente o de respeito em relação aos cidadãos. Que eles (os políticos) servem e não dos quais (dos cidadãos) são reverenciados. 

Isto vale (ou teria que valer) dos grande comportamentos éticos, morais, civis (a partir da ficha limpa) até os detalhes mais cotidianos. 
Um desses, acredito, seja a elegância, interna e externa, com que apresentar-se nas ocasiões publicas. 

Eu penso que um politico, assim como qualquer outra função publica ou social, tenha que minimamente ter o dever de apresentar-se elegante, na postura, na educação e na roupa, como forma de respeito: para valorizar a função, cumprir o seu papel, respeitar o próximo e proporcionar um modelo de comportamento publico e oponível ao qual as pessoas tender. 

Ao contrario eu vejo muito políticos que para ganhar consenso por meio de um principio de identificação para baixo vestem de maneira desmazelada: como se o descuido na aparência fosse sinónimo de simplicidade. Mas não é. No fundo é uma forma retórica de ganhar redito baseada sobre um acomodamento pra baixo, que não deixa de ser ao final, uma maneira que essas pessoas tem de representar-se o povo. Como algo baixo.  

Bom, eu acho o mínimo votar para quem valoriza a ideia alta das pessoas e das funções, e não quem me dissimula simplicidade faltando de respeito a causas altas: povos e instituições.

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