Adolescentes e mídias sociais

Podem dizer o que for, mas simplesmente não há como negar que a vida digital e, principalmente, o acesso frequente aos sites de mídia social (como o Facebook e Instagram) exerce uma poderosa influência sobre a saúde mental de todos, sobretudo no que diz respeito aos usuários adolescentes.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles, tendo esta preocupação em mente, realizaram um estudo para determinar o que ocorre com os circuitos cerebrais dos jovens quando postam conteúdo nas redes sociais.
Assim, ao tomar por base o tempo gasto pelos adolescentes nessas plataformas, que podem variar de oito a dezoito horas por dia, mais do que o tempo destinado, inclusive, ao sono, este hábito pode vir a influenciar o cérebro dos jovens, ainda em processo de desenvolvimento.

O experimento: cerca de 32 adolescentes, com idades variando entre 13-18, foram informados de que estariam navegando em uma pequena rede social, semelhante ao Instagram.

Desta forma, os pesquisadores apresentaram a cada um dos participantes um total de 148 fotografias, incluindo 40 fotos que cada jovem havia selecionado, enquanto que, simultaneamente, era avaliada a atividade cerebral individual através da ressonância magnética funcional.
Importante dizer que junto a cada foto também era exibido o número de “curtir” que cada uma delas havia recebido de outros participantes, mas que, na verdade, era falso.

O resultado mostrou que quando os jovens viam suas próprias fotos com um grande número de “curtir”, o núcleo accumbens, que faz parte do circuito de recompensa do cérebro, era fortemente ativado; isto é, ao perceberem maiores níveis de aprovação social, o cérebro reagia de maneira semelhante a quando se come chocolate ou se ganha dinheiro, por exemplo.
Na sequência, os pesquisadores perguntavam aos adolescentes quais fotos eles haviam “mais gostado”. E, adivinhem? Exatamente aquelas que receberam maior aceitação social, mostrando claramente a tendência de influência do grupo sobre o comportamento individual.

Um dado relevante: fotos que haviam sido postadas por outros, mas que exibiam algum tipo de comportamentos de risco, se bem avaliadas pelos demais, surpreendentemente eram também enaltecidas por cada um, o que foi também responsável por uma menor ativação das redes neurais de controle cognitivo.
Conclusão: ficaram evidentes algumas coisas: que os jovens reagiam de forma diferente aos estímulos quando eles acreditavam que os mesmos eram endossados pela maioria de seus pares. O sentimento de valorização também demonstrou uma forte ativação cerebral nas áreas de recompensa e de prazer (semelhante ao que é observado em outros vícios, inclusive).

E, finalmente, a perda momentânea dos juízos de valor.

Todos esses elementos combinados, em parte, podem se tornar uma das razões pela qual postar fotos pessoais e acompanhar a oscilação do grau de aprovação ao longo do dia pode ser um dos mecanismos da dependência ou vício à tecnologia. 

Mas também que pessoas que não são de convivência próxima aos nossos filhos podem serem, de maneira silenciosa, determinantes na formação de atitudes e da personalidade. Mas aqui eu penso: isso sempre aconteceu. Os livros influenciaram “além dos convívios” a essência da minha generação. Porém alguém publica um livro; tem um controle de qualidade por trás. A postagem nas redes sociais nem sempre. 

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