SER FERRADO

O Brasil é, e sempre será, uma bolha de um ponto de vista do desenvolvimento económico democrático. A razão é simples: a gerência da riqueza do Pais pertence a uma oligarquia de poderes que a administram como sendo própria, alavancando uma atitude e uma característica do brasileiro que, estrategicamente e politicamente, cuidam que seja continuamente preservadas. 

Esse marco cultural geral é: o talento em ser ferrado. O costume/resignação do “Fazer o que?”

Veja só. 

Para ganhar mais, aproveitando das barreiras comerciais fechadas por meio de impostos e burocracias absurdas, ou seja do apoio politico em ficar fora do livre mercado, os produtores industriais podem permitir-se de colocar no mercado produtos de qualidade baixa, cobrando muito. Sólidos de lógicas monopolistas, podem economizar ao máximo a respeito de matérias primas, ingredientes básicos, etc.; podem explorar a mão de obra que aqui no Brasil é mais barata do que na China. Podem vender qualquer coisa; podem vender juros. Podem vender um bezerro de ouro (Bíblia - Êxodo 32.4.), podem inclusive vender uma ideia ou uma religião que tanto, o brasileiro, COMPRA. 

E compra não porque precisa. Não porque aquele produto vale. Mas compra porque pode comprar ou para ter a ilusão confortante e poderosa que AGORA PODE. 

Não precisa ir longe para dar-se conta disso. Aqui ao lado, na Argentina, os produtos industriais não são mais baratos (essa é uma lenda) mas tem maior qualidade e variedade: bolachas, biscoitos, detersivos, sorvetes, bebidas, etc. Simplesmente são melhores. Por que? Porque para um produtor sobreviver num mercado livre, onde o cliente pode escolher e sabe o que faz, é preciso competir com lógicas de justa relação entre qualidade do produto e valor de mercado. Uma banal regra de encontro entre a demanda e a oferta. Algo que no Brasil não existe porque quem manda não é a demanda mas a oferta. E isso significa que quem compra está acostumado a adequar-se e não a pretender. Ou seja está acostumado em ser ferrado. 

Essa atitude é espalhada de maneira geral incrivelmente escancarada. Por exemplo ferram os: 

SUPERMERCADOS: verdadeiros templos do ferrar. Entre as tantas inventam vários aniversários/eventos por ano para assim cobrar mais os fornecedores para que exponham os produtos naquelas datas; fornecedores que, consequentemente, aumentam os valores dos produtos vendidos aos mercados. E quem paga toda essa ganância é consumidor final. Es tu. Sou eu. Ferrado

BANCOS - Recentemente, me cancelaram o cartão de credito porque não o usei por alguns meses. Ou seja, para eu ter um meu direito (o credito), estaria sendo educado/obrigado a gastar, ou seja a não usar o meu dinheiro como eu quero mas como os bancos querem, para eles ganharem com o juro. Ferrado. 
BALSAS - Monopólios que transpiram sujeira e desrespeito das regras de licitação em cada travessada. Assim que podem cobrar valores altíssimos. Tanto o direito ao livre mercado já foi fodido. Ferrado. 

OPERADORAS TELEFÔNICAS - os pre-pagos tem prazos de vencimento. Tem que GASTAR. Usar como eles querem algo que tu já comprou. Que é seu. Ou comprar um plano. Ferrado 

ESTRADAS E GASOLINA: Uma das razões para que não se investe em infra-estruturas é que o isolamento logístico permite autonomias e controle para tantos mercados diferentes e fechados. Cada um com os seus valores de cartel. A gasolina por exemplo no litoral vem vendida a 3.09 e aqui a 3.49. E todos compram a 2.91. Quem paga essa ganância é o consumidor final. Es tu. Sou eu. Ferrado. 

Etc. etc. Etc. 

Isso seria inaceitável em todos os países com mercado livre. Onde tem competição: alavanca da qualidade do produto e do serviço. O povo/consumidor usaria todo o seu poder para não permitir ser ferrado. E o verdadeiro e único poder que ainda sobra para cada um de nós é o poder de voto e o poder de compra. 

Se a gente renunciar a comprar o que não ético, não é justo ou que tem serviços e atendimentos ruins, já se perturbaria o cartel obrigando a reduzir os lucros em favor da qualidade. Assim como teria que ser feito com o voto ou pudendo despedir os concursos. 


Mas o problema é que quando educados ao conforto, o pessoal se acostuma a tudo. Inclusive a ser ferrado. Para fazer uma analogia ousada, lembro que os esfíncteres do corpo são tendencialmente fechados. Quando perturbados, no começo doem. Porem são membranas. Elásticas. E com o uso se acostumam. Tanto que em alguns casos a dor se torna prazer. E o uso se torna habito. 

Será por isso que as gírias  “ser ferrado” e “ser fodido” tem o mesmo significado? 

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