As Origens do mal (do Brasil)

Do que a gente reclama de si mesma? Quais as atitudes no alvo das idiossincrasias dos brasileiros a respeito dos “outros” (si)-mesmos brasileiros?
Corrupção, jeitinho, dês-comprometimento com o trabalho e com as consequências das próprias ações e, correlacionadamente, paternalismo, individualismo egoísta, preguiça, tendência à enganação, materialismo, etc. 
É isso? Essas, mais ou menos, são as características com as quais, ao lado das obvias, positivas, marcamos negativamente o estereótipo cultural do brasileiro, aos seus mesmos olhos e do mundo. 

Mas por que essas características? De onde vêm? 

No meu programa de rádio “Parla con Deny”, no ar e no site da 103 FM, costumamos abordar esses temas sociais e questões que tem a ver com as realidades diárias dos comportamentos e das crônicas locais e nacionais. Basicamente vem dialogada uma reflexão sobre si mesmos e as próprias estruturas e subestruturas culturais. 
Bom, um “refrão” que surge constantemente na mesa para explicar os vários “problemas de atitude”, do Brasil (da corrupção ao trabalho infantil, do recurso irresponsável e desproporcionado à cesariana e ao aborto, dos comportamentos sexuais superficiais à desvalorização da mulher, dos desvios juvenis à violência, das drogas às “fragilidades” psicológicas (que chegam a ser quase patológicas) como medo, ciúme, raiva, insatisfação, etc.) é a educação, ou melhor: a falta de educação. Muitas vezes escuto o raciocínio que tudo depende da falta de educação e, a maioria das vezes, com uma reproposição paternalista da delegação de responsabilidade à escola e aos professores. “É assim porque as escolas são fracas. Falta educação”. 

Bom, isso me parece reducionista. Pessoalmente, não cobraria a escola tanto assim como vem cobrada. Por duas razões. Primariamente, instrução e educação são duas tarefas diferentes. A escola assume a primeira e compartilha a segunda, auxiliando e não substituindo as responsabilidades familiares. Secundariamente, os professores, assim como os políticos, são reprodutores de atitudes e não produtores originais. 

Mas, então, de onde vêm esses males brasileiros? 
Permito-me, humildemente, hipnotizar três fatores a origem desses traços. 
Vou desenvolvê-los em duas partes/colunas consecutivas. 
Quem quiser concordar, discordar, acrescentar ou criticar, é muito bem vindo ao diálogo no blog Zona Franca e no meu Facebook. 

1) O primeiro fator etiológico que suponho é a falta de um verdadeiro sentimento de identidade (e unidade) nacional. O Brasil nasceu de um contrato formal. Um pacto artificioso de homologação das discrepantes diferenças (étnicas, econômicas, culturais, sociais, linguísticas, etc.) por conta de um fictício e abstrato sentimento de identidade comum. De fato, nasceu por influências e pressões externas e não internas. Então imaginem só: no momento em que se cria, da noite para o dia, um parlamento visado a trabalhar em representação de algo que de fato não existe, ou seja, aquela igualdade derivante de uma mesma identidade que deixa todos irmãos, o Dumasiano “um para todos e todos para um”, o que sobra é o “cada um para si mesmo”. Ou seja: o “ser brasileiro”, enquanto traço comum, simplesmente, de fato, não existe (ainda?). Daqui, na minha opinião, derivam muitas atitudes negativas como a corrupção, a escassez de consciência cívica, o individualismo egoísta que não se importa com os outros e desenvolve/cumpre o próprio papel para algo maior (o famoso “fazer o quê?”), etc. Tudo contornado com uma boa dose de violência introjetada do estupro da colonização. 


Os outros dois fatores têm a ver com a relação mãe-filho e a contingência patriarcado-globalização. Os desenvolverei na próxima ZF. 


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