As origens do Mal (do Brasil) - Parte 2

Na ultima coluna ZF (no Líder do 12/09 e no blog) propusemos algumas hipóteses explicativas sobre as origens de alguns marcos culturais “negativos” do Brasil. 
Cada Pais, cada povo, no mundo, tem as suas características negativas, que juntas as positivas, vem amplificadas e fixadas em estereótipos culturais: os italianos (“tutta brava gente”), são mafiosos e corruptos, os franceses chauvinistas e arrogantes, os ingleses sisudos e frios, os alemães soberbos e rígidos, os africanos violentos e instituais, os russos agressivos e cínicos, etc. 

Dos brasileiros identificamos: corrupção, jeitinho, dês-comprometimento com o trabalho, paternalismo, egoísmo, preguiça, tendência à enganação, materialismo, etc. São marcos culturais. Genéricos. Ninguém se ofenda. Cada um tem a possibilidade de não sê-lo.  
Mas o ponto é: por quê esses marcos? De onde vem? Quais as origens? 

Três fatores como hipótese. Na primeira parte desse artigo desenvolvi o primeiro; o atrás da corrupção, da falta de sentimento cívico, da falta de respeito para o outro e de irmandade, da desigualdade, ou seja o “cada um para si mesmo”, etc. Esse fator é a falta de sentimento de identidade comum que se traduz em uma falta de responsabilidade cívica e construção ativa da rés-publica. Isso se explica a partir da mesma historia de unificação do Pais, como ato formal e não sentimental. 

A segunda, que aqui proponho brevemente, tem a ver com a educação. Mas não a das escolas. A causa desses marcos está na educação verdadeiramente fundamental, a primordial, ou seja a da relação mãe-filho. 

Temos que ser honestos. Atras do ideal do amor se cometem tantos, muitos, demais erros, que ao final, produzem estruturalmente o que as infra-estruturas culturais e cívicas (escola, política, trabalho, policia, jurídico, criminalidade, etc.) reproduzem. 

Deixando pra lá nesse artigo o significado de produto e providencia que, por razoes históricas, econômicas e culturais, o filho adquire em uma sociedade patriarcal e de subsistência (o que o Brasil sempre foi e ainda, em grande parte, está sendo), e que também explica as grandes diferenças de modelos educativos e sentimentais entre o filho homem e a feminina, mencionamos apenas duas incontroversas tendências: 

Quando nasce um filho, tudo para, muda e se reorganiza em função dele, que vem colocado no altar do Olimpo: o Deus da mãe e o rei da família; o centro do sistema. Exemplos? Os dois pais param de ser indivíduos e amantes começam chamar-se respetivamente de “pai” e “mãe”; os dois (pais), quando não fogem ou se adoeçam, aceitam um monte de renuncias e sacrifícios em termos de bem-estar pessoal e qualidade de vida (do sono ao sexo, dos circuitos de amigos aos rituais, etc.) para correr, literalmente, atras do filho que MANDA. Já vi mães amoráveis com colheres de sopa nas mãos correr atras dos filhos para nutri-los, enquanto os amados brincavam “livremente” pulando no sofá, derrubando objetos das prateleiras, ou simplesmente, não dando bola (em outros termos: presença e responsabilidade) enquanto distraídos de outras justas prioridades (televisão? amigos? ipad?). A primeira tendência, portanto, á a reorganização dos sistemas (pessoal, de casal e social) em função do filho que se torna o centro do mundo. A segunda é que, sendo que reorganizar-se é um ato total profundamente desgastante, o novo equilíbrio, que se funda sobre o filho, precisa substancialmente dele. 

A consequência é que o sistema, para sobreviver, não pode deixar o filho separar-se e sair do mesmo sistema. Bom, para simplificar, o que tudo isso determina e cria? O que esse esquema educativo transmite aos filhos? 


Paradoxalmente, sendo que os pais renunciam a si mesmos e as suas realidades antecedentes, muitas vezes desistindo de serem felizes para os filhos ou colocando toda a felicidade neles, transmitem que ninguém, “nem eles”, merecem ser felizes ou, pior, que a felicidade depende de algo externo a si mesmos. Essa é a origem da dependência e do medo. Ao mesmo tempo o ser que nasce aprende que não vem requerido para ele se encaixar ou respeitar a organização/situação anterior mas que essa muda em função dele. 

Extendendo o intimo ao social isso se traduz no paternalismo (do Estado também) e na falta de comprometimento (no trabalho e nos sentimentos cívicos). Se um ser não é responsável de si mesmo mas depende de outros; se no fundo não merece em si mesmo mas em função do que outros dão para ele/a; se tem direito que o contexto seja dele; o que deriva é que um “ser assim” aprende a existir apenas quando tem todo o amor/atenção para si e, por um modelo econômico a soma zero, te-lo vem correlacionado ao fato que os outros não tem. Os outros vem visto, portanto, como competidores até o ponto de não existir mais, não ter valor. Competição, roubalheira, egoísmo, derivam disso. 

E afetivo, na era global, toma a forma do material. Dessa perspectivas, podemos ver como a corrupção seja um comportamento tão típico do Brasil porque tem as suas raízes não tanto no social do mercado quanto no afetivo da simbiose familiar. 

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