A Maçonaria Parla com ... (Deny)


Semana importante para a Maçonaria local. Na segunda-feira (3) o programa Parla com Deny, que irá ao ar às 20h pela Rádio 103 FM, abordando “mistérios e segredos” que envolvem a Maçonaria. Estarei conversando com os maçons Renato Poletto, Sandro Valmorbida e Ayrton Favero, procurando aprofundar a compreensão sobre essa Instituição. 

Também será proporcionada a palestra com ingresso livre, intitulada “O que você tem a ver com a corrupção?”, que acontecerá no dia 07/08/15, as 19:30 horas no CTG Porteira Aberta, sendo palestrante o Promotor de Justiça Dr. Pablo Sinhori.

Bem, no aguardo dos dois eventos, o que um profano como eu poderia inferir sobre a Maçonaria, partindo de leituras sobre o assunto? Como desenredar-se entre lendas e teorias de conspirações, mitos, fatos históricos e interpretações simbólicas, significantes, sinais, ocultismo e mídia? Como entre Zeitgeist, filosofia, ontologia, história, economia, poder e política? Quais as origens? As finalidades? 

Primeiramente, entendo que a Maçonaria é uma proposta moral em forma, hoje em dia, de sociedade iniciática que prega a democracia e a construção de determinados valores morais em si mesmos e na sociedade. Nesse sentido, já podemos referi-la à filosofia estoica de Zenão e Sêneca (III a.C.). As cartas ao amigo Lucilo (leitura que teria que ser obrigatória nas escolas básicas) propõem todo um trabalho de construção de si mesmo, dolorido, minucioso, insistente e contínuo, moldando vícios e virtudes, como o cinzel faz na pedra, símbolo das resistências do ego (raiva, ciúme, vaidade, etc.), para alcançar um aperfeiçoamento de si mesmo e, consequentemente, por ativa emanação, da sociedade. 

O princípio é moral, laico e sagrado, e a construção é para si mesmo como um templo que, ao mesmo tempo, se torna uma conduta social que se multiplica. A Maçonaria adota esses valores e diretrizes e os funde e integra, ao longo da história, com visões filosóficas, antigas e modernas, e princípios liberais em um contínuo processo de sincretismo tolerante que abrange e atravessa a linha egípcia, a cabala judaica, a ética templária e assim por diante, até chegar ao Iluminismo (passando por Lutero, Gutenberg, Pascal, Descarte, Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, d'Alembert, etc.). 

A proposta, simplificando, é de um ser humano livre, igual, tolerante, interessado em autodeterminar-se e aperfeiçoar-se através do conhecimento e das boas obras. A parte religiosa (o conceito de religiosidade não deve ser confundido com o de religião) inclui o reconhecimento de uma transcendência superior, justamente para frear as derivas do ego e das imperfeições humanas e lembrar os limites das próprias condições terrenas. A pletora semântica de símbolos e rituais é riquíssima para quem quiser aprofundar seus conhecimentos.

Num determinado momento a proposta se tornou um projeto, orientado a uma nova ordem mundial construtiva de uma sociedade diferente, fundada sobre uma outra concepção ontológica do indivíduo, e, a partir desse momento, a filosofia moral e a ética se traduzem em atividade organizada, embora discreta. 

Aqui é preciso um esforço intelectual e de imaginação: Ordem significa organização de um sistema e de um sentido de significado através da distribuição de papeis, poderes, riquezas, razões, motivações, etc. E o sistema para funcionar precisa de trabalho. Por que as pessoas trabalham? Historicamente por ordem divina (gerenciado pela igreja) ou absoluta (o tirano). As pessoas não nasciam livres. O fundamento que obedecia era a reverência ou a submissão. Recentemente passamos a viver outra ordem, outro conceito de ser humano, ainda em construção, com muitas diacronias no mundo. 

A Maçonaria desenvolveu e desenvolve, objetivamente, um papel de influência proativa, determinante e fundamental na arquitetura dessa nova ordem mundial, que transcende os estados, desde o seu nascimento da sua segunda fase em 1717, em Londres. 

A sua participação nos grandes eventos históricos é conhecida, e são inúmeros os registros simbólicos que representam, discretamente ou não, tais contribuições, recados e legados. 
Mas qual é essa nova ordem mundial que a Maçonaria promove a apoia? Qual o principio? Como ler os legados e as mensagens? 

Nesses últimos dois séculos a história monstra pra nós um desenho muito claro. De um lado um sionismo liberal que para os maçons ascende a valor de irmandade. De outro a construção de superestruturas políticas, sem porem hoje a propriedade da moeda, que reconhecemos nas várias conquistas de unificação, independência, autonomia e liberdade dos países, da revolução francês a União Europeia. 

Agora, é essencial lembrar que a Maçonaria não é uma estrutura centralizada. Significa que cada loja é uma rede relativamente autônoma na interpretação e na atuação dos seus princípios. 
Por exemplo, se existem diferentes igrejas e atuações teológicas mesmo todas partindo dos mesmos princípios baseados na Bíblia, algumas das quais em conflito entre elas, o que nós impede de ler, eventualmente, alguns eventos que determinaram o nosso mundo em termos de conflitos entre lojas? Como evitar o risco é que o principio sinárquico, gerenciador da ordem, tenha derivas e desvios por ambições plutrquistas. 

Alguns mecanismos de monitoramento e mantimento da ordem existem sim, embora eu ainda não os esteja entendendo claramente. A corrupção (luta a), por exemplo, nesses propósitos, foi sempre uma alavanca usada publicamente para “arrumar” as coisas e desenhar novos equilíbrios. A história italiana, embrulhada com a do Vaticano, para quem a conhece, mostra tudo isso de uma maneira extraordinariamente clara. E no Brasil? 


Escutem o Programa PcDy e iremos esclarecer estes e muitos outros assuntos.



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