Crônica, sociedade e sentimentos
Estupros de
menores, mortos por acidentes, violência doméstica, roubalheira escancarada, e
assim por diante. Todos os dias as notícias de crônica nos mostram duas
realidades das atitudes humanas, quase evocando o terceiro princípio dinâmico
da física clássica: de um lado, do que o ser humano tem capacidade a atuar; de
outro de como o redor reage. Surpresa? Indiferença? Fascino? Atração? Rejeição?
Apatia?
Qual é o
estado da educação das emoções e dos sentimentos com que nós e os nossos filhos
reagimos a tudo isso?
A emoção é
uma experiência pessoal, baseada sobre a sensação; é algo básico, individual:
raiva, prazer, desconforto. O sentimento, diferentemente, é uma evolução da
emoção por meio da ação do pensamento; algo que tem a ver com os outros: a
compaixão, o reconhecimento, a gratidão, o amor.
Portanto, ser
capaz de ter sentimentos não é algo herdado, que se transmite geneticamente,
mas é aprendido através da capacidade de reconhecer as emoções e orientá-las
cognitivamente, o que ocorre nos primeiros três anos de vida.
Quem tem o
dever de ensinar, portanto, a competência aos sentimentos são a família e a
escola. Como? As crianças precisam ser acompanhadas, passo a passo, com um
tempo-quantidade pelos pais, que teriam que traduzir as experiências e
conquistas diárias dos filhos em princípios de certo e errado, também usando
punições e limites (dizer não). Hoje nem todas as sociedades ou classes se
permitem este tempo-quantidade, preenchendo o tempo dos filhos com babás ou
televisão e compensando a ausência com um tempo de “qualidade” cheio de
presentes e "coisas bonitas".
Por outro
lado, há a escola que teria que ensinar a traduzir as emoções em sentimentos
através da literatura e da paixão pela matéria/conhecimento, sendo que os
jovens, basicamente, aprendem por amor. Mas como pode um professor apaixonar ao
estudo se se sente frustrado, desvalorizado ou despreparado?
Sem educação
aos sentimentos, o risco é criar gerações de pessoas emocionalmente
analfabetas, ou seja, com ressonâncias inadequadas para lidar com os eventos:
por exemplo, incapazes de distinguir a diferença entre seduzir e estuprar, ou
entre discutir e bater. Sem sentimento se criam pessoas que levam tudo ao
pessoal, que guardam ressentimentos, incapazes de sentir compaixão pelo
mal-estar dos outros, pela injustiça social. Incapazes em distinguir entre o
certo e o errado, o bem e o mal. Isso em uma sociedade rica, onde tudo é
possível, pode chegar a extinguir o mesmo sentido de desejo.
O que consegue é apatia,
preguiça, insensibilidade, depressão.
Resumindo,
uma sociedade baseada na emoção vai ser fisiologicamente individualista,
insensível, classista e criminosa por falta do conceito do outro.
Ao contrário,
a baseada sobre o sentimento vai ser respeitosa, honesta, solidaria, cívica.
E você? Como
se comporta quando vê seu filho triste? O que explica para ele?
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