Votamos! mas por que(m)?

Na próxima semana tem eleições. O sistema eleitoral no Brasil obriga as pessoas a irem às urnas, mas a obrigação de participar á democracia é uma expressão da democracia? 

Desde que Deodoro da Fonseca, no dia 15 de novembro de 1889, tornou-se o primeiro presidente do Brasil, muitas coisas aconteceram para que se alcançasse a democracia como a conhecemos hoje. Muitos acreditam que a democracia e a república sempre foram deste jeito desde o fim da ditadura militar, ou que todas as democracias do mundo são iguais uns aos outras, mas, nesses 125 anos mudaram vários aspectos no cenário político. 
Inicialmente, apenas os homens que sabiam ler e escrever e que possuíam certa renda podiam votar, e no final do século XIX, isto significava menos de 10% da população. Então, em 1930, o direito de voto e a oportunidade de participar na vida política também foram estendidos às mulheres. Desde 1989, praticamente vinte cinco anos atrás, também os analfabetos ganharam o direito de votar. 

Na verdade, é muito bom que o direito de voto seja garantido e que o sistema eleitoral dê certo, mesmo que esteja intimamente ligado ao fato de que o povo brasileiro é obrigado a votar. De fato, muitas pessoas vão às urnas, porque eles têm a obrigação, não porque eles têm um interesse na pessoa que escolher para representá-las. Ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos ou da Itália, onde o voto não é obrigatório, aqui no Brasil não apertar aquele botão fatídico pode criar um monte de problemas. 

Quando se chega aos 16 anos, se adquire o direito de voto (nesse sentido, pessoalmente, não entendo por que, então, um rapaz de 16 anos não é chamado a responder penalmente para crimes que ele faz. Ou seja, se ele pode votar, também pode ir para a cadeia por os crimes que faz), mas sem a obrigação a fazê-lo, bem como após os setenta. De 18 a 70 anos, diferentemente, ir às urnas é exigido e prescrito, e se não fizer, poderia ter consequências desagradáveis​​. Quer ter um passaporte? Um trabalho na administração pública? Ou apenas entrar na faculdade? é preciso de um documento que certifique que havia votado na última eleição. Se não se pode votar por causa de qualquer problema, por exemplo, por doença, precisa de outro documento que justifique a ausência ou pagar uma multa. Mas o direito de justificar-se ou se reabilitar não reforça o fato de que o voto é um direito, ao contrario o mina em seus fundamentos conceituais e normativos, destacando o ônus. 
Estou ciente das pessoas que morreram nos anos 60, 70 e até mesmo nos 80 que lutaram contra a ditadura militar para dar ao povo o direito de escolher seu próprio governo. Ninguém, brasileiro ou não, nunca deveria esquecer isso. Porem isso é o suficiente para entender a obrigação de votar como uma coisa positiva? Esta constrição, por exemplo, pode levar as pessoas que não estão interessadas ​​na política a escolher o primeiro cara que passa ou pode incentivar e facilitar (ainda mais) a compra e venda de votos. Imaginamos Fulano pensando: "não me importo de politica, mas sendo que tenho que votar pelo menos vou aproveitar para ganhar um troco vendendo-o.” Sem falar que muitos sequer têm conhecimento de como funciona o sistema político! A Constituição brasileira estabelece que se tenha o direito de expressão e de pensamento e, portanto, votar não é apenas uma questão de escolha, mas também uma questão de dizer como você pensa sobre o que quer para o país. - Quando o político que você votou fala, é como se você estivesse falando. Tem que votar em quem diz e faz o que você diria e faria – E de fato, é o que realmente acontece. Chama-se de representatividade e espelha o povo. Corrupção, incluída. 

Por esta razão acho que todos deveriam tornar-se mais interessados em política, a partir de um bom conhecimento do sistema eleitoral, porque o voto não é só um dever, mas é a "procuração" para o que queremos para o nosso país. O Brasil ainda tem vários problemas relacionados com a política e parece que depois de todos esses anos, depois de toda essa luta pela democracia, o negocio da política ainda não fica redondo. 
Porem, destaco que de qualquer maneira, devemos também respeitar a indiferença do povo, porque, como diz a Constituição, existe a “liberdade de expressão”. Parliamo!


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