A paixão vira negocio ...

Transformar a própria paixão e talento em negócio. Perseguir seus sonhos e ganhar fazendo algo que ama profundamente. Que não cansa e faz você se sentir mais vivo todos os dias. Largar tudo e confiar.  Ter coragem e arriscar. Arrecadar determinação e investir na felicidade profissional. É, provavelmente, um pensamento, uma tentação, que cada um faz pelo menos uma vez na vida. Às vezes, resta é uma fantasia. Outras, se torna um objetivo. Um sucesso. Hoje em dia, olhando em volta, parece cada vez mais possível o alcançar. Muitos apostam nesse caminho. É apenas uma questão de coragem? De otimismo?

Meu ponto de vista é que as alavancas básicas que hoje em dia incentivam e estimulam a acreditar no alvo que paixão vire em negócio são basicamente três: a primeira tem a ver com a mesma estrutura psicológica e bioquímica do ser humano: a segunda com a identidade cultural, ou seja, com as características e atitudes típicas do "ser brasileiro do sul" e outra com o momento econômico-histórico que o Brasil e a região, em particular, está atravessando.

Quando há uma paixão (ou está apaixonado), o cérebro e o corpo começam a funcionar de jeito "diferente" do equilíbrio funcional de costume. A amígdala, por exemplo, a estrutura cerebral que atribui significado emocional a estímulos, que recebe informações dos órgãos dos sentidos e estabelece que o que se está experimentando é “bom” ou não ou se é melhor fugir no caso seja perigoso, se ativa impetuosamente. Daqui partem descontroladamente uma série de mensagens para todos os centros do cérebro "raptando-as" nessa reação. Fala-se de um verdadeiro "apreensão neuronal" e é uma mensagem tão poderosa que chega a silenciar qualquer outra informação, até deixar cair os níveis de serotonina (tanto é que se diz: "fico louco por essa coisa" ou "sou louco por você"). Quando isso acontece, aumenta o ritmo cardíaco, se desregulam as sensações térmicas, os vasos sanguíneos se dilatam, a salivação é reduzida, a energia aumenta (tudo culpa da noradrenalina, um hormônio cerebral). Este estado de excitação e euforia rapidamente torna-se prazer e ainda mais rapidamente se transforma em desejo e depois necessidade (tudo culpa da dopamina), todo isso baseado em experiências iniciais impressas no hipocampo. E ao final, a oxitocina fixa todo isso como "estável", transformando a paixão em forte necessidade constante para que tudo o resto não importe, ou torna-se "pesado". Por esta razão, ou uma pessoa escolhe de viver sem paixão, de não escutar ou abrir as suas, ou, ao contrario, não pode mais prescindir.


O fato de que a paixão, além do que no amor, hoje em dia esteja pretenso também no trabalho, depende do contexto socioeconômico que estamos vivendo, onde tudo parece possível e onde o "eu quero tudo-eu quero sempre mais", já passou de uma oportunidade á um dever. O possível tornou-se rapidamente desejo e o desejo ainda mais rapidamente necessidade. O “gosto disso”, hoje, “tem” que ser negócio. Claro, é possível, como demostram os muitos casos de sucesso. 

Mas cuidado. Não é suficiente ter talento. O "quero tudo para ontem", o "vai dar tudo certo", a fé em Deus, ou o fato que, no final, ao vizinho deu certo, não transformam o talento em dinheiro. Para afirmar a paixão, é preciso planejar o desenvolvimento com objetivos claros; fazer uma lista dos seus desejos e qualidade; inquirir de forma consistente com aqueles que já estão no campo, a partir dos clientes, para entender o que está faltando e o que não satisfaz, assim de preencher a lacuna; você precisa se preparar; estudar muito; ter um trabalho em paralelo, porque resistir às dificuldades necessita de determinação, persistência, dinheiro e tempo. É necessário investir em publicidade, tecnologia; viajar para feiras, cercar-se com outros fãs e contratar aqueles que têm os mesmos valores. Deve aceitar a concorrência; contar com especialistas; não tem que pretender de ser o único ou o melhor, mas apontar a colocar-se onde só você pode fazer o que você faz. Há muitos casos de negócios bem sucedidos nascidos da paixão (na garagem de casa). Alguns exemplos? Amazon, Apple, Disney, Google, Harley Davidson, Hewlett-Packard, Lotus, Maglite, Mattel, Yankee Candle Company, Facebook, Youtube, Renoult, Wam, Parker Irmão, Medtronics, Luxotica, Technogym, etc . O que importa quando você quer transformar sua paixão em negócio, é aceitar que é a paixão que deverá adaptar-se às leis da empresa e não o trabalho ás regras da paixão. Transformar a paixão em trabalho, é tudo menos que um jogo.


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