Ciume e ciumes: quando a solução se torna o problema

De acordo com um estudo canadense, o ciúme, ou seja, a sensação de exclusividade do outro que implica antipatia, desconfiança ou hostilidade contra terceiros, vistos como concorrentes potenciais ou reais, está em segundo lugar no ranking das maiores dificuldades entre as situações conjugais. Mas se uma quota moderada de ciúme também pode ser considerada uma forma de amor, além de certo limiar torna-se destruidora para quem a age e quem a sofre: "Com quem está no facebook?", “Estava on-line no whatsapp!” “Fala a verdade que não estava no futebol/com as amigas?", etc. O ciumento(a) faz da sua própria vida e a do parceiro um inferno real. Entre paixão e suspeito, paranoia e posse, inveja e culpa, o ciumento destrói o casal e si mesmo. Tanto é que o ciúme tem dois aspetos que coincidem com as síndromas patológicos, ou seja, ao mesmo tempo, é uma forma de defensa (competição) e de ataque (controlo). 

Para encurtar o ciúme, então, e não o deixar “matar-nos” é importante compreender o pensamento por trás (a origem e a forma). Somente desta forma se pode ajudar a resolver as situações. Não serve ir à busca do verdadeiro e do falso (inclusive porque o psicólogo não é um investigador), mas de como o cérebro funciona, sendo que pode ter um raciocínio lógico ou ilógico. Por exemplo, se o parceiro cumprimenta uma pessoa na rua, o pensamento faz automaticamente um teste de ciúme, que, na ausência de outros elementos, vence: em outras palavras, o cérebro funciona muito rapidamente na hipótese de traição, a julga não significativa, e a arquiva. Ao contrario, em vez de corrigi-lo, pode transformá-lo em um elemento absurdo, sem explicação, que se torna importante enquanto desencadeia uma espiral de dúvidas crescentes. A partir desse momento, a conduta de verificação, controle e os pedidos de esclarecimento, agravam a situação. 

Tentamos de entendê-lo, então. O ciúme pode ser "obsessivo", ou seja, basear-se sobre a certeza de deslealdade, que é uma suposição absurda, sendo que um relacionamento teria que basear-se não sobre a certeza de infidelidade, mas a probabilidade de fidelidade. O ciumento obsessivo pode permanecer muito tempo calado, até estourar em uma cena, na esperança de que, sem confessar o motivo de seu mau humor, algo acontece que mata a dúvida. Essas pessoas não são realmente ciumentas “na alma", mas "obrigadas a ciúme" por causa das suas inseguranças incontroláveis​​.

Outra forma de ciúme é a ipersensitiva. Neste caso, a ideia de ciúme nasce sozinha, geralmente com base em um suspeito generalizado de todos e de tudo. Na mente do paranoico, é bem a pessoa que declarou de amá-la a ser a ameaça mais perigosa, 
O estilo desses ciumentos consta em alternar "súplicas" para manifestações de lealdade ou provas de amor a reivindicações de esclarecimento ou provocações destinadas a verificar a validade do suspeito, não tanto com base em uma evidência objetiva, como com base no tipo de reação da pessoa. De fato esse ciúme gira em torno de um estado de humor e por isso pode aparecer e desaparecer de repente, mas pode degenerar na presença de situações autênticas de traição ou competição. O problema no ciúme sensível ou humoral é que se a pessoa se sente confortada e ressegurada, acaba a reagir provocando, como se isso fosse confirmação de traição. Este é um ciclo vicioso destruidor. Precisam sentir-se a parte dominante do casal e não receber a suficiente atenção equivale a sentir-se traído. 

Enfim, há o ciúme paranoico, em que a pessoa vive uma realidade delirante de ciúme, ou seja, está convencido de que há uma traição, muitas vezes múltipla, e paradoxalmente, sem saber "com quem" ou genericamente acreditando "com todos," independentemente da prova. O paranoico tem conduta paradoxal, como fazer abertamente suas acusações e, ao mesmo tempo, fazer armadilhas ou controle a fim de provar ao mundo que realmente há traição. O ponto é que esse ciúme não termina nem na frente de um caso, mas continua transformando-se em um sentimento de reivindicação e vingança. Esta é uma forma comum na demência assim como na utilização de álcool e de drogas. 


Todos nós temos amores, inseguranças e medos: mas o ciúme não é o ponto de equilíbrio entre eles, mas antes o de ruptura. Mas continuamos falando de ciúme segunda que vem em Parla com Deny. 


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