Brasil vs. Alemanha: 1-7 - A seleção das seleções

Brasil-Alemanha: 1-7. Vexame? Legado? Vergonha? Inexplicável? Mas quem vai assumir este legado? Quem o vexame? Muitas palavras foram já espalhadas sobre o jogo da seleção, algo que toca os corações (e talvez a identidade) de quase a totalidade dos brasileiros. De fato a seleção é o símbolo mais forte de unidade e identidade nacional, acredito mais do que a mesma língua.

Mas o que é que aconteceu com essa seleção? Nada que não acontece com todas as outras seleções do País todos os dias. E qual é A PRIMEIRA VERDADEIRA SELEÇÃO DE CADA BRASILEIRO? Prestam atenção! É A PRÓPRIA FAMÍLIA. Que joga na vida na mesma maneira do que a verde-ouro jogou no campo. Nessa linha, o jogo foi um espelho cultural.
Aquele "branco" aconteceria com a maioria, ao tomar gol imprevisto da vida (separação, lutos, perdas, doenças, quedas, brigas, sustos, etc.). É preciso reconhecer-se nisso.

E o que aconteceu não é inexplicável não, nem é "coisa que acontece" ou "do futebol". É questão de atitude e mentalidade: algo que tem a ver com as características das pessoas e que se reflete nos comportamentos. Emoção vs. razão; imediatismo vs. planejamento; liderança familiar vs. estratégica; fé/tradição/destino vs. cultura do trabalho.

Algo que pertence todos. A seleção é feita de brasileiros, assim como a politica e o dia a dia. Após o segundo gol da Alemanha os jogadores pararam de jogar e o povo começou a botar piadinhas nas redes sociais. Os dois, time e torcida, da mesma maneira, saíram do campo e desistiram da luta.
Até este momento parecia que a seleção tinha direito a ganhar porque estava jogando em casa e que a colocar a bola na rede teria sido o mesmo povo, sob o impulso da sua alegria. Pouco valia a realidade evidente de um time que sofreu já antes da copa com Panamá e Servia e continuou sofrendo com Croácia, México, Chile e Colômbia (tradicionalmente reverentes com a verde-ouro) e desmoronou contra o primeiro time europeu (outra mentalidade e organização). Mas apesar dessa obvia evidencia de realidade, a exaltação foi coletiva e colocou todos fora do foco. O segundo gol da Alemanha foi quase uma facada real a um sonho. Um brinquedo quebrado. E a gurizada não era preparada a trabalhar com a realidade. (Bem acordou o Filipão: “Não é um pesadelo; é realidade!”).
Deu pra ver que faltou um líder (exemplar o T. Silva nos pênaltis contra o Chile). O ponto é que esse padrão vai muito além do futebol. Por exemplo, quando os filhos terminam a universidade e ficam despreparados a cair no real do trabalho, tombando no mesmo “branco” dos jogadores (depressão; pânico; etc.), deslocando da mesma maneira a torcida e as expectativas dos pais (mas que nesse assunto não podem nem tem que joga-la em piada).

Resumindo, os resultados vêm do preparo e do planejamento. Não da confiança de uma entrega. Isso vale pra todos. É preciso assumir isso, dar-se conta, espelhar-se, ser humildes. A base do futuro desse pais é partir de si mesmos. É na derrota que tem que ser cantado "pátria amada" de cabeça erguida. Até que falta esse sentimento e a capacidade de traduzi-lo em comportamentos orgulhosos, o Brasil vai ser um Gigante com pés de barro. As vitorias são as vitorias de todos, está claro, mas as derrotas também tem que sê-las. E isso se aprende! Nas famílias e nas escolas! Não nasce um milagre Senna todos os dias. Tem que criados e formados através da educação ao trabalho e ao orgulho de ser brasileiro os Senna do futuro. Quando se educa a trabalhar honestamente e seriamente, cada um fazendo a sua parte, as derrotas são oportunidades, sim, para aprender e melhorar-se. Nesse caso o jogo foi um legado. Mas isso  não vai acontecer se se defende o costume de "ganhar com jeitinho" e "jogar as perdas" sobre os outros. Nesse caso o jogo vai preenche mais uma vez o histórico dos vexames.

Eu acredito em um Brasil melhor que parte de uma reforma da educação das famílias a serem indivíduos, famílias e sociedade ao mesmo tempo. Esse é único rumo possível para um futuro global que não desmorone na frente da organização “dos outros”.


Olé Brasil - "Mas, se ergues da justiça a clava forte-Verás que um filho teu não foge à luta - Nem teme, quem te adora, a própria morte" -

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