O Haiti (não) está aqui
O Brasil
ainda tem no seu DNA histórico cultural marcas de colonização, escravidão,
ditadura.
Então, sem hipocrisias,
como ler o fenômeno complexo dos “haitianos” que desde o 2010 estão chegando no
pais e de janeiro em SMO? Quem são os haitianos que moram aqui? Qual é a
historia deles? Como chegaram? Como vivem? O que querem? Como foram recebidos?
Que relação tem com os outros? Com as mulheres? Com as instituições e o
trabalho? Qual é a situação jurídica, sanitária e financeira deles? Que ajudas
e que dificuldades estão encontrando? Estão tirando trabalho aos brasileiros ou
suprindo a uma escassez de mão de obra? Pegam as coisas “da gente” ou permitem
ao mercado imobiliário de não travar a produção e ao financeiro de afastar a
inflação? Sendo que acredito fortemente no valor do conhecimento e da
comunicação e pouco gosto de preconceitos e fofocas, para responder ás todas
essas perguntas, fui nas casas onde moram para conversar diretamente com eles e
tirar essas duvidas.
Acompanhado do meu amigo Lucas Arato e após ter obtido a
liberatória, produzimos um documento vídeo que vocês podem ver aqui no blog de Zona
Franca no post a seguir e na minha pagina Facebook.
Assistindo-o,
vocês mesmos poderão formar-se uma opinião sobre as viárias questões
envolvidas. Com certeza quero destacar que o fenômeno social dos haitianos não
é apenas uma questão migratória ou econômica, mas politica.
Eles
confirmam como a ideia do Brasil enquanto “pais amigo” era algo já vivo dentro
Haiti há muito tempo por causa do bom relacionamentos entre os presidentes.
É uma fato
histórico que desde o 2004 o Brasil lidera uma força multinacional da ONU em
Haiti denominada Minustah que tem função
de ajudar a estabilização por meio da reestruturação e reforma da polícia de
apoio aos processos políticos a garantia do cumprimento dos direitos humanos. Mas
alguns estudos críticos apontam que os verdadeiros objetivos estão voltados
para um projeto de recolonização do país por parte do capital transnacional.
Sem duvida o governo brasileiro parece ter muita atenção naquela área do mundo
(Cuba também fica aí). Tanto é que foi concedido um visto especial para
permitir aos haitianos de permanecer sendo que pela lei brasileira não são
considerados refugiados, estado que só pode ser concedido a quem provar estar
sofrendo perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social
ou opiniões políticas em seu país.
Mas, além
disso, conversamos com os miguelestinos dos 50.000 haitianos espalhados hoje
pelo país que, como contam no vídeo, percorreram mais de 8000 km, passando por
Santo Domingo, Panamá, Equador, Peru até entra no Acre, onde pelo impacto do
fluxo foi declarada a emergência social e fechado o abrigo de Brasileia por
falta de preparo, infraestruturas e saneamento básico. Pessoas que pagaram de
3000 a 5000 $ (0 55% dos haitianos vive com 1,2 $ por dia), deixando famílias e
filhos, endividados, necessitantes e improdutivos, só em busca de uma
oportunidade de trabalho e de vida melhor (o Banco Central do Brasil diz não
ter o valor remetido por pessoas físicas ou jurídicas para lá, mas os haitianos
afirmaram que mandam, em média, R$ 500 por mês para os familiares. Eu posso
confirmar ter visto transferências de 121 R$). Aqui perdem qualquer liberdade
de escolha (pelo menos até absorver as atitudes trabalhistas), mas encontram
esperança e oportunidade inimagináveis antes.
Poderia abordar o assunto de
muitas maneiras, mas uma coisa é certa: essas pessoas estão peleando para um
destino melhor através da busca do trabalho (algo que uma região de varias
descendências teria conservar na memoria) e vão aprender a tratar o Brasil e
comportar-se com a gente a partir e de reflexo de como o Brasil e a gente vai
tratar eles.
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