"Boom pra todos" ... desde que ...
Aposto que a maioria dos senhores leitores está em uma
condição socioeconômica melhor do que o de seus pais/avós. Mas eles mesmos eram
grandes trabalhadores. Então como explica-se este sucesso?
No final da década de 90, tendo em vista a crise dos
mercados ocidentais, a grande financia internacional necessitava criar-se um
novo mercado diferencial, útil e alternativo. Foi assim plantado no Brasil, em
razão de algumas suas características peculiares um modelo de desenvolvimento
estratégico já bem conhecido. O objetivo: criar riqueza em curto prazo e
resgata-la em longo. Como?
Com a política de austeridade do Cardoso se deu a
estabilidade necessária, porem entregando de fato o Brasil nas mãos do FMI. Com
Lula, a política de incentivos e auxílios jogou a liquidez necessária para
movimentar os mercados e assim criar uma vasta nova classe média, favorecendo a
passagem da agricultura a microempresa. O Estado, até aqui central, começou a
privatizar, mesmo permanecendo acionista através do BNDES. E aqui vem o
verdadeiro investimento do FMI: incentivar a cultura a dívida (Minha Casa Minha
Vida). A intervenção forcada do Estado (fixando gasolina e juros) engordou um
PIL baseado na super-valorização de produtos/salários, salvaguardados por
medidas protecionistas e, assim, atrair investimentos estrangeiros à custa de
inflação em longo prazo. Tudo sem correspondentemente disponibilizar o pais de infraestruturas,
formação profissional e técnica: verdadeiro câncer para as empresas, que agora
tomam conta. A taxa média de crescimento, 4% entre 2005 e 2010, passou para
0,9% em 2012 e 2,5% em 2013, esmagando as previsões dos indicadores de
competitividade global.
Em outras palavras, o "bom pra todos" é
ilusório e temporário. São inevitáveis choques que irão redefinir a estrutura
da classe média, o tipo de mercado e o destino de muitas PME. Pior é que o
"Gigante" ainda está à procura de um modelo/intervenção para desviar
esse futuro. Confusão e automutilação são evidentes: A BR está de fato
gradualmente se afastando diplomaticamente de os USA, desafiando comercialmente
a EUA e aproximando-se politicamente a China. Do ponto de vista da partida da
estabilidade do crescimento é como ter três curingas na mão e não ser capaz de
fechar o jogo. Se o país hoje caísse em crise, mesmo as melhores empresas
colapsariam.
O único remédio é que cada um se disponibilize para lidar
com o futuro. Como?
Os empresários tem que urgentemente adotar novas
estratégias de avanço a médio prazo, ou seja: 1) abrir à inovação técnica e
produtiva com empresas estrangeiras profissionalizantes 2) Trocar urgentemente
de uma cultura de empresa familiar (com estrutura simples e psicologicamente
caracterizada pelo papel central do empreendedor, líder-pai, otimista e
centralizador) para a cultura empresarial pragmática, com base na
profissionalização dos papéis e as lógicas de produção.
E sobretudo os cidadãos usar com conhecimento o maior poder
que tem: o voto. Que este ano é pra valer globalmente, sem saída.
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