A Solidão

Este artigo é inspirado pela recente divulgação de uma pesquisa da Universidade de Chicago que me deixa perplexo, no mínimo.
O estudo foi publicado na edição de dezembro do Journal of Personality and Social Psychology. "As pessoas nas margens têm poucos amigos, e isolamento delas leva a perder os poucos laços restantes ", diz o pesquisador. "Estes efeitos de reforço significam que nosso tecido social, lata briga nas bordas."
A tese básica da pesquisa diz que aqueles que se sentem sozinhos no final vem colocado às margens da mesma comunidade, legitimando assim o seu sentimento de solidão em um círculo vicioso sem solução (é bem guardando desta prospetiva que podemos e devemos perceber a importância dos serviços municipais territoriais, tais como os agentes de saúde, que trabalham para garantir que as pessoas não se “perdem” em uma fuga de isolamento ou em uma doença, caindo fora do sistema, que, como vimos, não tem misericórdia, quando tem que defender si mesmo do medo e do espelho da solidão e da sua vulnerabilidade).

Então há que ter cuidado, porque as férias, paradoxalmente, são um terreno fértil perfeito para desencadear o risco de sentimento de solidão

As festividades, bem como todas as situações de mudança e as em que são alterados os ritmos diários, de fato, são momentos críticos que tem mesmo o poder de encher assim como esgotar uma pessoa, dentro e fora.

O cotidiano, de fato, com seus ritmos repetitivos, seus hábitos estabelecidos, com seus pontos de referência fixos tem o grande poder de proteger o homem do enfrentar si mesmo. A rotina fornece a distração e a fuga de lidar com a verdade do próprio ser, do valor e da capacidade de permanecer no mundo independentemente das palavras, do que se faz ou possui e que, mais cedo ou mais tarde, tem destino de não ser bastante. Para espelhar-se, então, é preciso coragem. A coragem da solidão. Uma condição na qual as festividades podem colocar uma pessoa sem que essa se de por conta.

Nesse sentido, a capacidade de ficar sozinho é uma qualidade e uma vantagem. Há, de fato, pessoas que, pelo menos as vezes, ficam bem sozinhas: para estudar, trabalhar, etc. Mas de outro lado existe a solidão dolorosa, aquela a que hoje me refiro, e que chega sem ser escolhida mas imposta.


Esta è terrível porque nós, como indivíduos isolados, não existimos. A nossa linguagem, nossas emoções, a forma como nos comportamos, as metas, as esperanças, as levamos por pais, professores, amigos e outros. Vivemos em nossa comunidade, como a criança no ventre, lá fora é o deserto, o exílio: entre pessoas que não conhecem você e que você mesmo não conhece; que não ama e que não amam você, com quem não sabe ou não tem nada a dizer. Dimensão ainda mais dolorosa se você tinha ao lado o seu amor, parceiro em seus pensamentos, sentimentos, desejos.

Assim acaba pensando em quem perdeu e o futuro parece ser mais doloroso do que o presente. Os médicos do século XIX a estudaram como uma doença e a chamaram nostalgia.
Há três razões da nostalgia: a morte, à distância e o abandono. A morte faz você pensar sobre a pessoa amada e dialogar com ela mentalmente. A distância faz desejar dolorosamente a amada, mas com quem pode continuar a falar esperando o reencontro. Isto dá vida e energia. A distância cria uma solidão dolorosa, mas ativa. O abandono, no entanto, leva a meditar sobre o passado para descobrir onde errou ou continua errando. Daqui, um diálogo de recriminações e acusações. Há também formas de solidão a dois. Como os cônjuges que não se amam mas se forçam a viver juntos para o bem das crianças: dois presos na mesma cela.

Existe uma maneira de evitar ou pelo menos reduzir a dor da solidão?

Sim! Nunca frequentar um grupo só, nunca fechar-se com apenas uma pessoa. Mesmo que você a ama desesperadamente, não reduza a vida a uma única relação; continua vendo pessoas que você gosta, que te entendem e te inspiram confiança. Abre-se também em conhecer outras novas. E quando pode fazê-lo, envolve diariamente a pessoa amada em sua vida e participa da mesma forma na dela, aos seus afetos, refletindo juntos sobre tudo. Através desta comunhão de liberdade e participação nunca mais vai sentir-se sozinho.

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