LIGAÇÃO ENTRE NATAL, CONSUMISMO E DEPRESSÃO - O ASPECTO PSICOLÓGICO

Na semana passada vimos como o Natal tornou-se consumismo.

Hoje do porquê desencadeia tristeza. Vamos começar por dizer que o desconforto de Natal é um verdadeiro mal-estar reconhecido na área clínica como Christmas Blues. Um estudo americano, em 1981, demostra que os estados internos mais estressantes durante este período são o sentimento de solidão, a sensação de falta de uma família, o surgimento de memórias e preocupações econômicas. Esta forma de depressão mostra afinidade com o que na psicanálise é chamada de "reação de aniversário" que explica como em algumas ocorrências de vida podem surgir sentimentos ou emoções aparentemente não de acordo com os acontecimentos atuais, mas em vez relacionados a eventos passados ​​complexos ou problemáticos, que em seu tempo não foi possível desenvolver e, portanto, tendem a recorrer.

É importante destacar como o Natal traz consigo uma alteração dos ritmos regulares da vida, o que expõe a estímulos incomuns: as interrupções de trabalho muitas vezes levam a lacunas que não se sabe como preencher e a longa convivência forçada com outras pessoas, com forçosos papéis sociais forçam a lidar com os aspectos não resolvidos de relação, talvez até mesmo conflitantes, que geram ansiedade e tensão.

Cada família tem sua carga de contrastes e estes inevitavelmente surgem durante este tempo de encontros familiares. Para não falar dos contrastes de casal que às vezes até explodem violentamente durante estes dias.

E tudo isso tem muito atrito com o clima ao redor. Somos bombardeados por uma cultura de alegria e diversão a qualquer custo que mal tolera aspectos absolutamente normais e fisiológicos da vida, tais como a melancolia ou a tristeza: parece que no Natal deve-se necessariamente ser felizes e alegres e, se acontecer de não ser, assume-se a culpa, porque sente-se inadequados em comparação com as nossas expectativas e as dos outros. Também pode acontecer que a representação de mídia do Natal é muito distante da vida real e isso faz com que decepção.

Enfim, a corrida para presentes torna-se uma espécie de ataque compulsivo até perder de vista o outro, e seu desejo; o sentimento de "correspondência" e "partilha" vem substituído com aquele de "preencher"". O estresse do presente, nestes termos, é uma chantagem moral para aqueles que o fazem e o recebem, contribuindo a depressão de Natal.

Obviamente o final do ano também é uma época de balanços pessoais, que muitas vezes não coincidem com os planos de vida que foram feitos e olhando para trás não veja-se o progresso desejado, mesmo ficando mais velhos. Chegam assim: persistente tristeza, pessimismo e desconfiança, sentimento de vazio e culpa a falta de alegria, desconforto durante reuniões de família obrigadas, aversão ao escolher presentes, choro, insônia, dor de cabeça, perda de apetite e até mesmo dor física.

E no fim as dificuldades econômicas que a maioria das pessoas vivem neste período não ajudam o humor naqueles dias, dominados pelo consumismo, como já vimos na coluna passada.

Mas além do bom senso em organizar-se por tempo, aproveitar o feriado não é tão difícil: tem que aprender a dizer NÃO. Dica não as reuniões de família que não quer sendo que ninguém pode obrigar a encontrar pessoas que são desagradáveis ​​e os conflitos podem ser resolvidos em outros momentos. Tentam substituir um presente qualquer com um gesto de saudação; no início, pode parecer incomum, mas expressar em palavras a nossa estima pode satisfazer mais do que um presente e talvez aproximar mais.

É importante não acabar culpar a si mesmos e converter essa experiência de sofrimento em uma oportunidade de olhar para dentro e conhecer-se melhor. O desconforto que se sente é um sinal de nossa psique respeito a algo que se age mesmo não resolvido ou problemático. Dar-se conta deste sintoma é o primeiro passo para identificar o problema subjacente, a verdadeira causa da dor. E eu acho que, de qualquer forma, este também é um presente de natal. É só saber aproveitar. 

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