A favor da "cura gay" - leia antes de opinar


Continuo vendo e lendo pessoas manifestando-se, de todas as forma e em todas as redes sociais, com frases tipo: “não há cura para que não é doença”. 

O que me preocupa dessas manifestações é constatar como é fácil produzir e espalhar desinformação e manipulação de informação (até por fins políticos) e de como as pessoas parecem mais preocupadas em mostrar-se politicamente corretas e querer aparecer, a respeito de uma questão, mais do que entende-la de verdade.

Bom, eu sou a favor dessa liminar que o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, concedeu e que, na prática, torna legalmente possível que psicólogos ofereçam pseudoterapias, popularmente chamadas de cura gay. 
De fato essa questão gera uma furiosa polemica porque parece que o juiz, ou seja uma instituição judiciária e não  sanitária, esteja dizendo que a homossexualidade é uma doença. 

Na verdade não é bem assim porque a liminar determina que o órgão do Conselho Federal de Psicologia altere a interpretação de suas normas de forma a não impedir os profissionais "de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia”, sendo que na resolução 1/99 o CFP proíbe aos profissionais a oferta de qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas.

Então eu sou a favor. E vou explicar porque de maneira simples. Acompanhem meu raciocínio. 

Estamos falando de ser gay hoje, aqui no Brasil. 
Concordam comigo que ser ou descobrir-se gay nessa sociedade machista, violenta, cheia de preconceitos e morais baratas, pode ser muito duro? Que uma pessoa possa, nos seus processos de reconhecimento e aceitação da sua própria orientação sexual, possa ter fases em que se sentir confusa, com vergonha, esmagada, perseguida, desnorteada, raivosa, desencaixada, errada, triste, etc.? 
Que essa pessoa possa precisar entender-se e entender o que está acontecendo; que possa precisar aprender a aceitar si mesma e disponibilizar-se com instrumentos para lidar melhor de maneira mais digna e saudável com si mesma e com o mundo lá fora? 
Essa pessoa, na opinião de vocês, tem direito a pedir e encontrar ajuda para estar e se sentir melhor? 
Eu acho que sim. Que tem direito. 

E que é o psicólogo a figura profissionalmente preparada a conhecer como funciona o SER e que sabe ajudar a superar o que te deixa sofrer. 

Bom, até então, o CFP proibia aos psicólogos de atender essas situações. Proibia aos psicólogos de acompanhar e auxiliar essas demandas; proibia de informar de maneira cientifica e de permitir as pessoas de superar as suas próprias intimas dificuldades em relação a isso. 

Eu acho que esta proibição seja  errada. Se uma pessoa precisa de ajuda, o psicólogo, que é quem concheie como funciona o ser humano e como se resolvem os sofrimentos e as dificuldades do viver e do ser, tem que ter o direito de ajudar, de fazer o seu trabalho. Porque auxiliar e oferecer um espaço de não julgamento e superação é o especifico do seu trabalho. 

Se um gay está resolvido com si mesmo,  beleza. Não precisa de nada. Tá tudo certo. 
Mas se um gay não está resolvido, assim como qualquer pessoa tenha algo de não resolvido ou esteja passando uma fase que precisa de auxilio para ser resolvida, que vive mal uma qualquer situação, merece e tem direito a receber ajuda. Ou não? 
Ninguém está dizendo que seja uma doença. Ao final, ou tudo é doença ou nada é doença. 
A vida é uma doença, sendo que tecnicamente leva a morte. 

O ponto é que por tudo isto, se pode sofrer, sim. E o juiz Carvalho tirou essa absurda proibição aos psicólogos de não poder ajudar nessas situações. E com isso eu concordo. 
Tudo isso não tem nada a ver com doença, reversão sexual, e sei lá o que. Aqui estamos falando do direito de uma pessoa de receber ajuda e de um profissional de oferece-la. 
Nada do que mais justo. Todo o resto é ignorância e hipocrisia. Isto na minha humilde opinião. IMHO

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