A LEI DA DOR DO DESPERDICIO - A dor de perder algo que nunca se teve
É importante parar para refletir sobre as nossas emoções;
sobre os nossos sentimentos; e sobre como, de alguma maneira, as vezes parecem
algo cujo nós somos os patrões e que nós produzimos enquanto fazem parte de
nós, e outras vezes que parecem nós dominar: que são eles, emoções e sentimentos,
a nós dominar porque prendem-nos sem que pudéssemos ter controle nenhum, sendo
nós parte ou peças deles.
Hoje queria refletir sobre a dor. Se formos pensar, a dor é
algo que caracteriza, que marca, a nossa vida desde o começo. Nós nascemos no
mundo com dor. As nossas mães colocam-nos no mundo com dor. Pelo menos quando
isto acontece de maneira natural, ou seja por meio do parto. Portanto é o mesmo
ato de nascer que encaminha-nos a entender quando a dor seja importante para
viver; quanto é fundamental para nós permitir e ajudar a reconhecer e sentir o
que é que a vida e, consequentemente, a desenvolver estratégias, recursos e
soluções para superar as várias e inevitáveis dificuldades e desafios dela. A
dor, portanto, ajuda-nos desde o começo a prepararmos a superar outras dores.
Chega a ser um importante aliado de um ponto de vista filogenético e para a
nossa sobrevivência.
Porem tem um paradoxo estranho que nós agimos: sim porque
nós encaramos toda a nossa vida, ao decorrer dela, tentando continuamente de
fugir a dor; de nega-la; de afasta-la; as vezes ficando assustados quando entra
na nossa vida, como se não tivesse direito. Como se fossemos errados ou fracos
pela invasão dela dentro de nós.
Mas a dor é uma grande aliada para dar significado as nossas
vidas. Porém, precisamos estar e ser preparados.
Nos meus 20 anos de atendimentos psicológicos, já vi e
tratei inúmeras espécies de dores; muitos, variados tipos de dores diferentes; novelos
de sofrimentos dramáticos e ao mesmo tempo humaníssimos. E tem uma dor, em
particular, que, noto, se configura como algo demasiado, incomensurável,
insuportável, fortíssimo que eu chamo de LEI DA DOR DO DESPERDICIO (no youtube),
que se
depara em dois pontos:
1)
1) Eu nunca vi uma dor tão grande, lancinante,
descabida, inadmissível, atroz, feroz, como a que se sente quando alguém tem a
percepção de estar perdendo algo que, porém, de fato, nunca teve de verdade;
nunca conquistou totalmente; nunca assumiu plenamente. Uma oportunidade, um
sonho, uma pessoa, um sentimento. A ideia desta dor é terrível.
2)
2) Todas as vezes, quem sofre, de alguma maneira,
machuca. Chega a machucar. A dor se espalha; se transmite; vibra. A dor, assim
como o amor, acredito, seja a condição mais egoísta do ser humano. Que está
sempre conectado a outros seres humanos, individualmente e coletivamente, por
meio do pathos, ou seja do sentimento.
A gente se sente. Portanto temos uma responsabilidade diante
este sentir. Sim porque, a respeito da dor, todas as vezes que sofremos pela
dor de outra pessoa, que se transmite até se tornar nossa, nós, de fato, não
sofremos pela dor dele, que é só dele, é egoísta. Nós sofremos pela nossa dor,
ou seja pela nossa incapacidade de lidar com a dor que está dentro de nós e que
a dor do outro simplesmente ativa por vibração e empatia.
E aqui vem o ponto: eu acredito que nós temos a
responsabilidade de prepararmos continuamente a lidar com a nossa dor, assim de
puder permitir de um lado, de permitir e não confundir a dor do outro com a
nossa, e, secundariamente, competentes das nossas emoções, puder de fato ajudar
o outro a superar a dor dele e, por simpatia, a nossa mesma. Isto, é de fato, um verdadeiro e pleno ato de Amor.
Que, ao final, é o que se faz na terapia psicológica. Se tornar mais preparados a vida.
Que, ao final, é o que se faz na terapia psicológica. Se tornar mais preparados a vida.
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