Renato Gaucho - grande gol contra (pessimo exemplo)
O Grêmio FC ganhou a copa do Brasil. Parabéns. De um ponto
de vista esportivo foi uma vitória merecida, como, ao final das contas, sempre
são as vitorias de qualquer quem que seja.
Só que, do meu ponto de vista, não é suficiente ganhar para
ser vencedores. A diferença entre alguém que ganha e um vencedor consta no grau
de entendimento da visão geral das consequências que a maneira com a qual virá
encarado o resultado irá ter ao seu
redor e no grau de responsabilidade com os quais estes efeitos vem assumidos e
orientados, especialmente em termos de educação (a atitude mostrada não deixa
de se tornar um modelo de referência) e em termos de produção de valores
culturais (a atitude mostrada não deixa de se tornar um valor de referência, ou
seja algo considerado bom, portanto positivo e desejado, ou ruim, portanto negativo
e hostilizado).
E todos sabemos e entendemos muito bem a fortíssima repercussão
mediática que o futebol tem neste sentido. E aqui no Brasil, especialmente, o futebol
é um potente produtor de heróis e mitos.
Bom, imediatamente depois do final do jogo, comecei a ver
algo que me deixou profundamente decepcionado, preocupado, assustado, chateado
e, até mesmo, triste e revoltado.
Nada que tenha a ver com a sociedade Grêmio
Football Club, se não indiretamente, ou com os jogadores que mereceram o título.
Mas sim, algo que tinha a ver com um dos seus pseudo heróis, talvez a estrela
deste sucesso; a referência de ponta, o que tinha que ter a maior
responsabilidade das consequências e das mensagens trametidas ao Brasil e ao mundo:
o senhor Renato Portaluppi, o Renato Gaúcho, o trinador.
O Renato Gaúcho foi com certeza um jogador dotado
tecnicamente, mas não um exemplo de bom profissional. Lembro quando jogou na
Roma, na Itália. Fazia um ou dois jogos consecutivos e depois parava porque
lesionado ou machucado muscularmente (sinal de péssimo treino).
Daí enchia as crônicas
mais com os seus flertes e festas do que com os seus gols ou passes.
Memorável,
no sentido negativo, quando contou de ter “pegado” uma jornalista, que o
procurou para entrevistá-lo, no meio da quadra do estádio Comunal de Roma.
Contou, publicamente, tudo trunfo que ela não estava muito afim no começo, resistindo
um pouco, mas que nenhuma mulher poderia resistir e dizer não para ele.
Consequências? O
Renato foi despedido.
Os italianos tem fama no mundo de serem grandes amadores,
mas justamente porque respeitam as mulheres. Algo de diferente do mito do “garanhão
comedor”, que basicamente quantifica a mulher como um objeto, sem dignidade ou
vontade, a sua disposição.
E aqui chegamos ao ponto da minha indignação preocupada e assustada.
Aquela loirinha super produzida, inclusive cirurgicamente,
para aparecer que ficou todo o tempo da celebração e até na coletiva de
imprensa grudada ao Renato quem é? A filha?
Deixamos pra lá se ela tem ou não
tem algum cargo profissional na sociedade Grêmio (em outros países os não adeptos
aos trabalhos não tem acesso ao lugar de trabalho, leia-se quadra de futebol).
Mas o ponto é: é a filha? Bom, não pareceu não a filha. Pareceu mais uma
namorada.
E isto, na minha maneira de ver, abre, vislumbra e produz-reproduz
culturalmente dois grandes riscos e mitos aberrantes:
1) uma confusão
monstruosa a respeito da relação entre pais e filhos.
Qual é o papel, a função,
a responsabilidade, os limites dos pais com os filhos?
Pais e filhos tem vidas
diferentes.
É uma monstruosidade educativa e psicológica que os pais
vivam a vida dos filhos ou pretendam que os filhos vivam a deles. Os pais não
são amigos, não são amantes, não são parceiros, esposas, maridos, etc. Estas
são todas instancias diferentes.
Os pais são pais e filhos, filhos. Tem que ter
um limite que diferencia estas identidades diferentes:
2) o que foi mostrada
entre o Renato e a filha não foi uma relação apenas de carinho. As implicâncias
sexuais implícitas e subliminais foram altíssimas, quase vetero-incestuosos: mãos nas mãos todo o tempo. Grudes
muito físicos. Etc.
Agora, em um pais como o Brasil profundamente machista, que
fica no segundo lugar por estupros e violência doméstica: o pior pais onde
nascer mulher segunda a pesquisa da Oxfrod University de outubro 2016, etc. não deixo de ficar preocupado que umas das
mensagens que o Renato pode ter passado (ou que muitos trogloditas machistas
podem gostar de entender) é que com as mulheres, mesmo filhas, um homem pode
fazer o que quer, porque ao final são dele, inclusive fisicamente.
E isto é aberrante.
Esse artigo foi curtido por um amigo e parou na minha linha do tempo do Facebook. Obviamente o articulista está procurando pêlo em ovo sobre o relacionamento entre técnico e filha.
ResponderExcluirO que mais me chamou atenção foi a afirmação sobre o pior país para se nascer mulher.
Estou tentando descobrir se:
1. O articulista é ignorante, no sentido de que ignora, desconhece, o que é a vida de uma mulher em inúmeros países islâmicos da África e Ásia.
2. Ou se é desonesto intelectualmente, no sentido em que sabe que existem muitos outros países piores para se nascer mulher mas mesmo assim usa e se baseia em uma suposta pesquisa, que sabe ser inverídica, para sustentar seu argumento.