Ciume-demônio da alma
Tem dois sentimentos, muito baixos, sobre os quais,
acredito, é preciso continuamente trabalhar, internamente, e refletir, até
mesmo publicamente. São dois sentimentos que afetam e prejudicam muito mais
quem os prova do que quem os sofre enquanto alvos. São dois sentimentos que
desencadeiam espirais negativas, sombreando as almas e escoriando as
relações. Já dediquei vários programas
rádio “Parla com Deny” e inúmeras colunas “Zona Franca” a aprofundar,
explicando inclusive de um ponto de vista psicológico, estes sentimentos. Pelo
menos conhecendo-os, podem disponibilizar-se ferramentas para libertar-se
destes, se quiserem. Estamos falando de dois monstros da alma: dois sentimentos, espelhos da nossa pobreza
interior, que não deixam de serem uma pretensão triste a uma busca de
unicidade.
Estamos falando de: inveja e ciúme.
Nestas linhas que me presto a escrever não quero
demoniza-los; não irei explica-los e nem sequer condena-los. Ao final são dois
sentimentos que vem ativados por identificação interna, ou seja quando algo
dentro de si vibra a respeito de algo colocamos no outro: pessoalmente não
fazem parte de mim: portanto não me afetam, não sofro por estes demônios e nem
sequer permito que quem os sofre me atinja. E isto graças a terapia. E vou
explicar como e por que.
Vamos, por exemplo, referirmos ao ciúme. Mas partimos de
algo geral.
Cada um de nós, vindo ao mundo, encara necessariamente um
desafio ao mesmo tempo universal e único, ou seja, o mesmo desafio para todos
mas diferente para cada um: este desafio é o desafio
a existir.
Existir significa perceber de ter o próprio lugar no mundo:
um lugar único, onde sentir-se reconhecidos na sua própria unicidade, vivos nas
experiências emocionais e espirituais, até mesmo protegidos de um ponto de
vista material. Existir se traduz, basicamente, na sua acepção positiva em ter
uma Identidade e Amor. Mas a conquista de uma identidade e do amor,
primariamente de si mesmos para a própria identidade, é, em via de regra, uma
verdadeira batalha: justamente uma batalha existencial.
Uma batalha que cada um encara desde os primórdios do
próprio Ser.
Cada um tentando conquistar um espaço de unicidade, no meio dos
outros, a partir do que percebe, ou quer, ter de único.
Vamos imaginar umas crianças na escola. Cada um tentará
conquistar e ganhar a própria unicidade no meio dos outros. E, consequentemente,
as suas dinâmicas de relações e poderes.
E como?
Tentando de afirmar o “seu
talento”: o “capital existencial”
que percebe ter único.
Se alguém, por exemplo, se acha bonito tentará
posicionar-se no mundo apontando na sua beleza. Se, diferentemente, não se acha
bonito, talvez tentará se caracterizar como simpático, ou inteligente. Enfim,
cada um apontará em que acha de ter e que pode marca-lo enquanto distintivo. E
sem dar-se conta, comparará esta característica (simpatia, beleza,
inteligência, posses, etc.) aos outros que, como ele, estão apontando na mesma
característica.
E aqui voltamos ao ciúme. Entre os outros aspectos, o ciúme
vem despertado e se orienta contra quem se percebe está batalhando com as
mesmas características, armas e talentos por meio das quais você se percebe
existir. Quem tem ciúme de uma pessoa, vamos supor, bonita é porque, no fundo,
acha que ela está conquistando e/ou segurando o que tem para ela enquanto perceber-se
bonita e/ou por meio da beleza. Portanto se sente ameaçada de alguém que possa
ser mais bonito, ou seja que tem aquele capital existencial que é o mesmo que a
define de maneira e quantidade maior. Fiz o exemplo da beleza, mas poderia ser
o dinheiro, o poder, aa inteligência, a intensidade sexual, a admiração social,
e assim por diante.
Sempre o ciúme vai despertar-se, orientar-se e destruir por
meio daquela característica que se percebe te definir e que se acha alguém ter
mais e de maneira maior. O ciúme é um
espelho negativo que deixa inseguros por perder na batalha existencial. É
perder em um processo de comparação.
Mas (e aqui vem a utilidade da terapia) se vocês conseguirem
reconhecer-se como únicos. Alcançar
o sentimento da sua própria essência, de maneira harmônica, com quem vocês se
comparariam? Quem poderia te deixar com ciúme?
Ou seja, se eu acho, por exemplo, que a minha namorada ou o
meu esposo possa interessar-se a alguém mais rico ou mais bonito ou mais
inteligente ou mais sexy é porque penso e sento que ela/ele está comigo para eu
ser rico/a ou bonito/a ou inteligente ou sexy (são exemplos). Portanto “eu” irei
ser ciumento de todos os mais ricos, mais bonitos, inteligentes, etc.
Mas se eu me reconhecer único e dar-me conta que ela está
comigo por eu ser eu, de quem vou ser ciumento? Não existe outro EU. E isto
vale por todos. E é a terapia que te permite de alcançar este conhecimento e
reconhecimento ... Portanto ...
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