Dr. Antonio Pichetti e a importancia da memoria



Sem memória, sem conhecer e reconhecer a nossa história, não podemos responsavelmente governar o nosso futuro e nem sequer perfilhar a nossa identidade. 

NÓS, na medida em que podemos dizer “EU”, somos a nossa memória. De fato é bem somente por meio de lembranças, experiências, escolhas e sofrimentos que temos vivido até o nosso presente-agora, que podemos auto definir a nossa identidade, nós reconhecermos, dar-se conta que nós somos nós e não uma outra pessoa. A memória é fundamental para nós colocarmos no nosso tempo. 

Nós seres humanos somos como atletas que para saltar pra frente tem que fazer sempre um passo pra trás. Se o atleta (e o homem) não faz esse passo pra trás, não consegue ir pra frente.
Sem memória, portanto, não se projeta futuro nenhum. 

Isso vale obviamente seja para uma dimensão individual seja por uma coletiva. Se vocês foram pensar, o que sempre fizeram, como primeiros atos de fixação de poder, os regimes absolutistas, territoriais e ditatoriais? Da inquisição de Torquemada ao regime nazista ao terrorismo do ISIS, sempre, uns dos primeiros pilares do domínio autoritário e vexatório a ser imposto foi a destruição da memória por meio de: destruição de livros, de estatuas, de símbolos, de patrimônio cultural, de pessoas idosas e experientes que pudessem transmitir o culto e a aprendizagem da memória. Lembrar, processar lembranças e experiências, transmitir historias e cultura, é uns dos pilares da consciência para não repetir os mesmos erros e construir responsavelmente um futuro melhor. 

Também no Brasil houve-se esse tipo de manipulação cultural com a memória em várias fases da sua história política e governamental. A TV Globo sempre se prestou a ser braço conivente com esse tipo de controle estatista. Aliás, independentemente da linha partidária ou governamental, o controle político no Brasil por meio dos medias parte mesmo do uso estratégico da proposta cultural, que visa a alienar do entendimento e do acesso a participação política, por meio do velho romano “pane et circum”; ou seja, traduzido por aqui, novela e futebol. 

De um ponto de vista global, vivemos uma época em que a informação e uso das Novas Tecnologias proporcionam ao mesmo tempo acesso a informação, conexão e isolamento, manipulação de conteúdos e emburrecimento. É uma característica que depende mesmo do meio (por exemplo o celular ou a televisão ao invés do um livro ou um jornal) e dos processos psicológicos que se ativam deste, como costumava dizer Karl Krauss. 

Lembro quando, de criança, costumava ler os livros de fantaciencia de Isaac Asimov onde se previa uma sociedade dominada pelos computadores (e quando Asimov escrevia não existiam os computadores, ainda) e profetizando um black-out que apagando eles, deixou a espécie humana perdida e no pânico enquanto não sabiam mais pensar, lembrar ou fazer cálculos. 

Por essas razões, sendo que acima de tudo penso que o Brasil mais do que uma crise econômica esteja sofrendo uma crise política, dediquei o último programa Parla com Deny (e a radio é um meio mais perto as pessoas e que ajuda a pensar) a memória da constituição política do nosso Pais; quais os fundamentos e a dinâmicas históricas que levaram-nos até hoje a ter este determinado tipo de cultura política hipocritamente democrática? 

E para lembrar convidei no Parla con Deny o Dr. Anotnio Pichetti, (junto ao Dr Julio Bagetti e Dr. Grover) que foi deputado nos anos ’60-’70 e Secretário de Justiça: um pilar da história do Brasil, como comentou um ouvinte. Claro, um homem experiente e culto. Mas acima de tudo um octogenário que tem história e historias, como todos os idosos e que, eu acredito, temos que valorizar mais disponibilizando-nos a escuta-los mais. Hoje é tudo tão rápido e superficial que a idade que passa parece um entrave ao invés do que uma conquista. Eu penso o contrário. Portanto, parliamo!

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