Reflexões sobre a morte-Tchau Dr. Hugo

A perda do Dr. Hugo marcou de maneira traumatica a cidade. É como se cada um de nós tivesse perdido algo de seu próprio. 
Incomensurável o rasgo na vida de amigos e familiares. a partir da partner K. e das filhas B e F. 
Muitas foram as declarações de despedida que testemunham o legado de grandeza que ele deixou para nós, incluída essa coluna. 

Mas o que dá grandeza ao Dr. Hugo? 

Bom, na minha opinião é o fato que ele: dentro uma cultura egoista e materialista, de indiferença e de desigualdade (onde temos que ter desconfiança e medo até mesmo dos nossos representantes), e mesmo sendo um homem de grande sucesso, preservasse um carinho e uma dedicação para todos e para cada um; com gentileza e seriedade; sem barreiras, nem de tempo e nem sequer de espaço, ficando sempre acessível e muito humano. 
Tudo isso fez que ele não apenas proporcionasse um profissional e um homem exemplar á cidade mas doasse, por meio de atitudes, confiança e esperança em geral; algo que pudesse ser "usado" e "re-proposto" com outras pessoas e entre a gente. 

Basicamente um raciocino do tipo: “se no meio de tudo isso e mesmo com as condições que ele tem ele é tão bom assim, então serem bons é possível. Isto me ajuda a confiar; acreditar; estar bem.”. 

E assim como as referencias de pessoas negativas se espalhem como um câncer entre as atitudes da gente, assim, da mesma forma, também, as atitudes positivas agem como cura para os nossos corações. 

Portanto, acredito, é nosso compito celebrar tudo isso. Celebrar o Dr. Hugo. 

E celebrar uma morte significa também refletir sobre a morte. Sem medo. Porque nós pertence como uma irmã. Amiga. 

Mesmo não a compreendendo. Geralmente as pessoas pensam a morte como se fosse o fim da vida e este é o primeiro equívoco de fundo.
A morte não é o fim, mas o início de uma nova vida. 

Na verdade, é o fim de algo que já está morto, mas também um crescendo do que chamamos de vida. O problema é que, infelizmente, muito poucas pessoas sabem o que é a vida: a maioria de nós vive em uma ignorância de tão tamanho que nunca irá nem sequer encontrar as suas próprias vidas. Viver pode até mesmo parecer uma quimera. 

Para essa maioria de pessoas, portanto, é impossível conhecer a própria morte: a morte é a experiência suprema desta vida e, ao mesmo tempo, a experiência inicial de uma outra. 
A morte é uma abertura de porta entre duas vidas, uma deixada para trás, e outra que está se esperando além.

Não há nada de mau na morte, mas o ser humano, com todos os seus medos, tornou até a palavra morte, feia e indizível. 
As pessoas não gostam de falar sobre a morte; nem sequer suportam ouvir a palavra "morte".

O medo tem no entanto as suas razões: esse medo nasce, porque há sempre alguém outro que morre, e vemos sempre a morte do lado de fora, embora seja uma experiência profunda de seu próprio ser. 

Como assistir o amor de fora: talvez você o olhar durante anos, mas não chega a conhecer, encontrar e dar-se conta profundamente o que é o amor. Talvez se pode vir a compreender as manifestações de amor, mas não o próprio amor. 

O mesmo vale para a morte. O que nós conhecemos são os acontecimentos na superfície: a respiração que para, o coração, o homem que falava e andava não está mais lá entre a gente: em seu lugar fica a apenas um cadáver em vez de um corpo vivente. 

Estes são apenas alguns dos sintomas externos: a morte é a transferência da alma de um corpo para outro, ou, no caso de um homem que está totalmente consciente, de um corpo para todo o universo. 

A viagem é grande, mas não se pode conhece-la partindo do exterior. Do lado de fora podemos ver apenas os sintomas, mas são bem estes que fizeram do homem um ser assustado.
Os que conhecem a morte de dentro, perderam todo o medo dela porque se relacionam diretamente  com o universo. 

E é ao universo que o Dr. Hugo voltou: é aqui que podemos encontra-lo. Sempre. 

Comentários

  1. Parabéns pelo texto, me fez pensar, aliás sou uma pessoa que costuma pensar bastante...enfim o bom de tudo é não sabermos o dia da nossa morte...abraços.

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  2. Lindíssimas palavras Demi, pois poucas pessoas entendem que nossa vida aqui é uma mera passagem, na qual nos preparamos para a passagem da vida eterna. Momento em que escolheremos onde queremos passar a eternidade. E com certeza o Dr Hugo com toda sua sabedoria e bondade está nos braços do Pai. Abraços.

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