O pai que está dentro de nós

Nós sabemos que pais e mães estão ambos equipados para criar seus filhos; o que muda é a maneira que eles fazem: suas inclinações e métodos de funcionamento, suas habilidades naturais e até mesmo suas formas de perceber tendem a ser bastante diferentes, diversificando-se ainda mais durante as várias fases de desenvolvimento. As mães tem, obviamente, uma vantagem e uma predisposição filogenêtica para cuidar de crianças de até 18 meses e podem dar-se conta mais facilmente de como satisfazer as necessidades da criança: e sua relação, a maneira como ela se relaciona com o filho/a, se torna o protótipo de futuros relacionamentos; se a criança experimenta a mãe como uma base segura, certamente evoluirá mais seguroa para lidar com o mundo e ter relacionamentos sociais mais satisfatórios.

E o pai? Qual é o seu papel? Pediatras e psicólogos têm mostrado que, até a terceira semana de vida, as crianças experimentam e reagem de forma diferente para a figura do pai e da mãe, adoptando uma postura e uma comunicação não-verbal (visual, sorriso, etc. ..) diferente; isto porque, na verdade, a intenção com a qual as duas figuras parentais estão perto da criança são diferentes, geralmente pais para brincar e estimular, enquanto as mães para cuidar e acalmar; por isso, naturalmente, a criança participa na relação e interage, reagindo, de forma diferente, dependendo onde a figura está mais perto.

A figura do pai ajuda a criança a entender as habilidades sociais para viver no mundo exterior, o senso de limitação e controle; Ele encoraja-a a suportar a frustração e explorar as suas competências, assumindo um papel central na criação e desenvolvimento de auto-estima.

Pais que têm uma atitude autoritária e que, em seguida, combinam o prazer com o rigor e o respeito, tendem a ter filhos que apresentam uma boa auto-estima, confiança em si mesmos e boa saúde mental.
Além disso, para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, é importante que os pais sejam emocionalmente disponíveis ou estejam envolvidos na vida de seus filhos dialogando a respeito das suas necessidades emocionais.

O pai pode exercer a sua influência moral de diferentes formas: desde a simples manutenção das promessas feitas ao filho até deixar claro quais comportamentos são aceitáveis ​​e quais não são. Neste sentido, não obstante a importância da quantidade de tempo dedicado do pai as crianças, é igualmente essencial a forma como ele responde às suas necessidades por meio do seu próprio comportamento: os pais têm tantas possibilidades para transmitir valores aos seus filhos e ensinar-lhes as consequências da responsabilidade moral.

Mas quando o pai está ausente? O que acontece com as crianças?

Primeiro de tudo, a partir de minha experiência, tenho observado que é necessário distinguir duas situações: a morte do pai e o abandono da família pelo pai. No primeiro caso, é importante não remover a criança da casa. Muitas vezes, temos a tendência de querer proteger o filho e, em seguida, tirando-o das situações que lembram dores para evitar que reeviva o drama; na verdade, isto é errado. A criança, de fato, ainda vive na sua própria maneira a situação e não lhe faz bem receber uma pressão a negação, a fuga, a mentira: na ausência de contacto com a realidade, o imaginário é instado a construir um cenário muitas vezes mais preocupante do que a realidade. O que é fundamental nessas situações é o dialogo com a criança, a fim de trazer para fora sentimentos como o medo, a dor, a raiva ao invés do que educar a perceber essas emoções como indizíveis e, portanto, prejudiciais. Também não se esqueça que o mundo dos contos de fadas e desenhos animados é povado por personagens que morrem e, então, de alguma forma, a criança está preparada. No caso de a perda do pai, é importante não enfraquecer o emocional impedindo de participar aos lutos, porque é bom que ela possa expressar sentimentos relacionados com a perda. Perder faz parte da vida. 

Mas quando o pai voluntariamente deixa a família, costuma produzir efeitos mais negativos sobre as crianças do que a morte, tendo como consequência problemas que afetam e se manifestam de forma diferente em meninos e meninas. 
Os primeiros, de fato, geralmente são muito atingidos: eles tendem a ter dificuldade de concentração na escola, dificuldades de aprendizagem e tem linhas na psicologia que acreditam que a ausência do pai, pelo menos, seja causa contributiva de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. A ausência do pai, também aumenta significativamente a probabilidade de um menino tornar-se violento e é muito comum para as mães ter problemas de gestão e relação com os meninos, em particular quando adolescentes. A correlação entre a falta de um pai e o pertencer as bandas de rua está de facto muito alta; estas bandas existem basicamente por dois motivos: para preencher um vazio de autoridade e satisfazer um desejo de pertencer. Ambas as funções que estão intimamente relacionados com a falta da presença paterna. As repercussões sobre as meninas, se possível, sano ainda piores: geralmente elas desenvolvem um comportamento muitas vezes excessivamente sedutor e acabam tendo dificuldade em formar relações confortáveis e duráveis com os homens. Isso por que sem um pai amorável e presente elas não aprendem a amar um ser-diferentes e, de um ponto de vista psicológico, não conseguirão diferenciar-se da mãe.

Em última análise, o papel do pai é fundamental: quando tem um bom pai tem melhor desempenho académico; facilidade em gerênciar relações com os colegas; tem maior auto-controle; tem uma reduzida tendência para a promiscuidade sexual e, quando adultos, tem capacidade de construir relacionamentos saudáveis e equilibrados ​​entre casais. Crianças com pais ausentes, ao contrario, são mais fragilizados físicamente e/ou emocionalmente e acabam tendo mais frequentemente problemas no desempenho acadêmico, dificuldade nas relações sociais e mais facilmente ser vítima de drogas.


No entanto, não há um manual para o pai perfeito, nem um livro que ensina como fazer sem ele, cabe a cada um de nós se lembrar de ouvir a figura do pai que temos internalizado e que não é necessariamente o que tem contribuído para o nosso nascimento. Muitas vezes diz-se que seu pai não é aquele que nos coloca no mundo, mas o que nos dá as ferramentas para enfrenta-los e depois crescer, e se começarmos a olhar para ele a partir desse ponto de vista, todo mundo tem um pai que está presente, mesmo se não fisicamente, mas que ainda está dentro de nós, em nossos gestos, na forma de pensar e maneira de estar no mundo.

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