Natal. patrimonio e filhos - A ausência do pai

E' quase Natal: uma celebração que, nessa fase histórica, encarna e exalta, simbolicamente, dois valores que marcam a “nossa” cultura dominante. 1) O patriarcado, ou seja uma ordem social baseada sobre o valor nevrálgico do património (do latim: patri-munus: o bem do pai) cujos poder e direito pertencem ao homem. Nessa moldura de valor do património, bens do pai, caem também os filhos em um dispositivo de continuidade de propriedade e herança (nome e bens) regulamentados por direito de um dispositivo que se chama família, legitimada por meio de uma ato que se chama matrimonio (do latim: matri-munus: o bem da mãe). Nesse sentido o natal é a celebração da família e do seu valor fundante, ou seja: o património. Tanto é que é uma festa de consumo. 2) outro artefato cultural que marca o Natal é a sua significação religiosa e , especificadamente, crista. O cristianismo, começou destacar-se das outras religiões, no momento em que cresceu o mecanismo da economia do acúmulo e se tornou indispensável regulamentar a questão da herança garantindo a segurança que aquele filho para quem passar a propriedade fosse de verdade daquele mesmo “pai de família”. A moral cristã acrescentou o fator “Amor” á constituição legal da família, fechando a sexualidade por fins procriadores em um dispositivo onde a mulher e as traições (da mulher assim como nos negócios) vêm submetidas e condenadas em nome da segurança do status de família (ou seja de patrimônio). Isso é muito claro se prestar atenção que o cristianismo é a religião do pai e do filho. 

Bom, pegando o gancho dessa perspectiva do Natal quero convidar a reflectir sobre uma realidade que tem que logo ser assumida. O papel do pai nos processos de educação e de formação psicológica dos filhos e os graves, dramáticos, prejuízos que derivam da ausência do pai no processo familiar, especialmente com as filhas. 

Sim, porque entre as tantas mentiras e contradições que o Brasil conta a si mesmo, tem essa do valor supremo da família, como se de fato fosse um valor supremo. 

Não é. Uma prova? Nos documentos civis brasileiros, diferente do resto do mundo, cada um tem a referencia do pai e da mãe, ou seja vem identificado como filho de fulano e fulana. Por que? Porque é tão comum que nascem filhos não assumidos, pais fugindo, filhos extra relacionamentos, etc. etc. que precisa garantir que por trás daquele indivíduo tem uma família e não apenas uma relação sexual. 
E a mais, mesmo quando o pai existe na família, muitas vezes, por causa da estrutura machista ou da conotação de negocio da família, o pai mesmo assim é ausente ou prejudicial na assunção do seu papel educativo e constitutivos dos filhos, especialmente com as filhas. 

E aí as consequências podem ser gravíssimas. Tem estudos que demostram claramente como quando o pai é ausente ou negativo os filhos homens tendem a tornar-se anti-sociais ou homossexuais. 

So para ter uma ideia de alguns dados nos EUA do ano passado fornecidos pelo Ministério da Justiça: 
O 90% de todos os moradores de rua e/ou em fuga, não teve pai na família;
O 85% dos jovens na prisão cresceu em lares sem pai;
O 63% dos suicídios na adolescência ocorreu em famílias com pai ausente.
Outros dados de outras fontes:
O 70% dos jovens infratores abrigados em instituições estatais vêm de famílias onde não há pai;
O 75% dos suicídios de jovens envolve quem viveu sem um pai;
O adolescente que tenta o suicídio, a paridade de condição racial e de renda com o que não tentar, geralmente teve pouco ou nenhum contacto com seu pai";
O 35% das crianças sem pai usam drogas, em comparação com o 18% daqueles com um pai na família;
Entre os jovens que expressam o comportamento violento na escola a situação familiar vem marcada 11 vezes contra 1 por a ausência do pai;
O 69% das crianças vítimas de abuso sexual vêm de lares onde o pai biológico estava ausente.

Outros dados fornecidos pelo Ministério da Justiça EUA sobre jovens criados em lares sem pai:
O 72% dos assassinatos de adolescentes
O 70% dos prisioneiros com penas de longa duração para ser servido
O 60% dos violadores

Piores ainda são as consequências sobre as mulheres criadas em lares sem pai. 
Elas não irão aprender amar um “ser diferente” e por isso tenderão a serem sedutoras, errar parceiros, ter transtornos alimentares e de auto-percepção corpórea, e assim por diante. 
Essa desconfiança em si mesmas baseada sobre um profundo desvalor enquanto ser depende do fato que sem o pai ou com um pai violento, o “ser-mulher” não consegue diferenciar-se do “ser-mãe” e por isso ficará preso em um vazio de identidade continuamente em luta com si mesma. 

é importantíssimo que os pais assumam o próprio papel. Usem esse Natal para refletir sobre isso e dar de presente uma nova harmonia familiar. Sempre dá para melhorar-se nas próprias responsabilidade genitoras. Inclusive falaremos do relacionamento pai e filhos e do papel de pai no próximo Parla con Deny, segunda as 20.00 na Radio 103 FM. Buon Natale a tutti. 


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