O que é o Amor? - O equilibrio do Amor: amar, ser amados e ficar juntos

O que é o Amor? 

Muitos, mais capacitados, mais sensíveis, mais corajosos do que eu, já se dedicaram para responder essa pergunta: poetas, filósofos, artistas, amásios ou simples loucos, como todos somos perante ao amor, já tentaram. Porem, ninguém, nem sequer esses ilustres, podem medir ou prender em palavras a essência de um coração que ama. Sempre, ou quase, encontramos na nossa vida, uma pessoa, ou mais do que uma, que desperta em nós um novo estado nascente: uma disponibilidade a sentir, entender, enxergar o próprio mundo ao redor, e si mesmos, de maneira diferente, nova, melhor talvez, graças a um jogo de espelhos que a “pessoa amada” provoca em nós com uma força sentimental perturbadora tão intensa e radical que não se pode conter e nem sequer aclarar. 

Quando se ama, simplesmente, se quer bem; totalmente e incondicionalmente. A outra pessoa desencadeia, abre e gera em nós traços, sentimentos e emoções que vão além de nós: algo novo, total, potencial, transcendente. 

Da pessoa amada se enxergam os defeitos como peculiaridades únicas e fascinantes; as fragilidades como oportunidades para evoluir, responsavelmente, tornando-se seres melhores. Se ama cada detalhe: inclusive os do que não gostamos ou acreditávamos não gostar. Descobrimos dentro novas, surpreendentes, tendências e capacidades que ninguém nunca nós ensonou: conseguimos advertir o semelhante no dissimilar. Temos uma irrefreável pulsão a libertar os segredos que oprimem a alma. Conseguimos aceitar o impensável; ter esperanças irracionais que se auto alimentam de disponibilidades. E quando se ama, o simples ideia de amar, tem o poder de nunca te deixar sentir sozinho: tem sempre alguém para quem dedicar-se. 

De um ponto de vista psicologico, o amor é um estado nascente. Ao mesmo tempo uma crise e a sua superação. Uma doença e a sua cura. Uma forma del loucura saudável, embora perturbadora. 

Como é a vida. Amar é viver. E todos os viventes precisam proteger-se do outro lado da sua natureza: ou seja, a morte. 

Por isso, para proteger-se do que não se conhece, inclusive de si mesmos e dos próprios sentimentos, que são sempre imperfeitos, quem ama busca ser amado, perseguindo uma ideia de completamente. 

Amar sem sentir-se amados é uma experiência devastadora. Aposto que alguns leitores já vivenciaram algo parecido. Um sentimento muito próximo ao morrer. O outro lado da vida. O outro lado do Amor. Como falado. Por evitar tudo isso, para fugir da ideia de poder morrer vivendo, ou amando que seja, justamente ou não, acontece frequentemente que o amor se dissimula de enganos: posse, ciúme, investimentos estratégicos afetivos e exponenciais, orçamentos do proprio tempo e entrega, compromissos assim por diante. Nesses casos o Ego se antepõe ao amor. 

Mas o que quero destacar escrevendo isso? O que sempre vale a pena ter presente, para a própria dignidade, inclusive psicologica, é que: uma coisa é amar. Outra é relacionar-se. 

A primeira tem a ver com a outra pessoa (e si mesmos de reflexo). O principio é a essência. Relacionar-se, no sentido de ficar juntos, tem a ver com um proposito, um projeto, um desejo ou uma necessidade; é um mecanismo; é um trabalho. O principio é o funcionamento. Não está escrito em lugar nenhum que sejam a mesma coisa ou que tem necessariamente que concretizar-se em conjunto para serem validos. Alias, chegar a qualquer forma de compromisso, aguentar sofrimentos, renunciar a si mesmos até adoecer, perder-se dentro lógicas de créditos, débitos e investimentos de tempo e experiências, atribuir qualquer forma de moral a perpetração da infelicidade é algo relacionado mais ao morrer do que ao viver. 

Querem ser felizes? Então cuidem muito bem de qual é o ponto em que a necessidade de serem amados leva a prejudicar a propria capacidade de amar. é uma questão de dignidade psicologica. E quando o negocio não fica redondo, lá é o memento da terapia. 


Comentários

  1. Renunciar-se a si mesmo dentro de um relacionamento de amor entre duas pessoas. Isso me faz pensar! Independentemente de qualquer relacionamento amoroso ou não, mesmo que sozinhos temos que fazer renúncias em nossas vidas (escolhas). Realmente não podemos ter tudo o que queremos. Precisamos de prioridades. Fazer renúncias também é um é um modo de abandonar uma velha forma de pensar e criar espaço em nossa vida para ir ao encontro ao novo. Não considero algo obrigatório ao ser humano viver na companhia de alguém de forma tão intensa (qualitativamente) a ponto de podermos classificar isso como amor. Quanto ao amor que tenho com minha esposa, considero que é uma construção onde existem renúncias de ambos em benefício de um prazer maior que é estar juntos. Assim abre-se espaço para conhecer o eu do outro, compartilhar a vida e descobrir novas experiências que talvez não existiriam para nenhum se cada qual se fechasse em sua individualidade. Convivendo dessa forma com ela a cerca de 10 anos não me vejo diminuído no meu eu. Pelo contrario, pude ter o privilégio de vivencias fantásticas as quais não teria sem renunciar um pouco do que eu era, abrindo assim espaço para me tornar uma pessoa melhor.

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