Amor por dinheiro e dinheiro por amor

Vivemos uma época muito material. E o dinheiro não se limita a regulamentar o posicionamento social, mas também o afetivo. Especialmente aqui. 
Mas nem todos tem uma boa relação com o dinheiro. Para algumas pessoas, por exemplo, gastar o dinheiro, para si ou para outros, pode ser uma fonte de angústia. Atrás da chamada "avidez", se pode na verdade esconder um distúrbio psicológico real. 

O apego ao dinheiro tem raízes profundas, que aludem a necessidades infantis não satisfeitas que se tornam traumas nos adultos. Na base, há fortes sentimentos de sofrimento: o “pão-duro” pode ​​ter sido privado de algo menos material, mas muito importante para ele: o carinho. 

Pode ter vivido em um ambiente familiar caracterizado pela frieza emocional, por regras e disciplina. Em tal clima, pode não ter tido a oportunidade de aprender o valor do dar, sendo este um valor que se adquire pela criança quando os pais aceitam e vivem o filho como dom, em primeiro lugar. Portanto se tornam fundamentais e determinantes as razões pelas quais o filho vem colocado no mundo e, por trás, as para que se casa. 

Quando não baseiam-se sobre escolhas íntimas, mas sociais, a criança vai, ao longo dos anos, cultivar em si mesmo a crença de que dar ou mostrar algo pessoal para outros pode ser perigoso. E enquanto adultos, que é melhor segurar o que se têm, seja emocionalmente que materialmente, para evitar sofrimento e não quebrar o frágil equilíbrio psicológico sobre o qual a sua ideia da realidade se constrói. Tudo isso se resolve simbolicamente na acumulação de dinheiro, que se torna o substituto da afeição e confiança que nunca recebeu no passado. Apegando-se ao material, o avarento contrasta a crença profunda e frustrante de não poder contar com o amor dos outros. Por conseguinte, podem ter medo das relações sociais (amizades, etc.), vistas como uma ameaça constante para a sua segurança, o dinheiro. 

O avarento tende a desconfiar, a ver o mal onde não há, trocar a generosidade com estupidez, confundir disponibilidade com oportunismo e ver o sucesso dos outros como resultado de abuso e maquinações. Em alguns casos, vê as pessoas ao seu redor, incluindo amigos e colegas, como aproveitadores que só querem ordenhar dinheiro. A avareza é um trecho socialmente bem tolerado, mas pode ter consequências graves e sofridas para bem-estar do indivíduo, tais como solidão, depressão, ansiedade, conflitos interpessoais, separações, divórcios. Infelizmente é comum que não esteja ciente de que esse aspecto esteja a base da sua infelicidade, e por isso ter resistências à cura. 

Em sua mente há um impulso à conservação que o levou a tomar precauções contra possíveis adversidades, desenvolvendo um medo obsessivo do futuro. Gastar significa sacrificar o poder que ele tem, contando em adiar despesas para um período futuro de tranquilidade que, no entanto, nunca chegará, muitas vezes forçando a família a sacrifícios excessivos. Claro, a psicoterapia resolve... Mas custa. 

Melhor a segurança da infelicidade, não é? 


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