Porque as mulheres bebem tanto?

A porcentagem de mulheres que ingerem grandes quantidades de álcool tem aumentado pelo menos duas vezes mais rápido que entre os homens. Essa é a conclusão do último levantamento do Ministério da Saúde, que abordou o consumo abusivo de bebidas alcoólicas.
Para o MdS, consumo abusivo de bebida alcoólica é aquele que ultrapassa, para homens, cinco ou mais doses numa mesma ocasião em um único mês ou, para as mulheres, quatro ou mais doses. Preocupante é o aumento da “bebedeira” entre mulheres mais jovens. Um estudo que reúne dados de mais de 500.000 pessoas indica que mulheres com idade entre 21 e 23 anos são o único grupo cuja bebedeira aumentou.

Muito preocupante. As diferenças físicas entre homens e mulheres desempenham um papel importante na maneira como o corpo processa o álcool. As mulheres têm mais gordura e menos água em seus sistemas, bem como níveis mais baixos de uma enzima importante na decomposição do álcool. Isso significa que elas experimentam os efeitos da bebida mais rapidamente e durante mais tempo que os homens e sendo que as mulheres são menores do que os homens, a mesma quantidade de álcool fica mais concentrada no corpo. Isso significa que quando um homem e uma mulher bebem a mesma quantidade de álcool, em geral, os órgãos internos da mulher ficam mais expostos do que os do homem.

As consequências de beber incluem diversos danos às mulheres. Por exemplo, lesões no fígado. As mulheres desenvolvem doença hepática induzida por álcool, incluindo hepatite e cirrose, durante um curto período de tempo e depois de menos consumo de álcool do que os homens. O hormônio feminino estrogênio pode aumentar os riscos.

Outras lesões são as cerebrais. Exames de ressonância magnética mostraram que certas regiões do cérebro são menores em mulheres alcoólatras do que em outras mulheres e homens que são alcoólatras, mesmo após as medidas serem ajustadas ao tamanho da cabeça.
A doença cardíaca também é uma ameaça. 

O risco de desenvolver câncer de mama também sobe drasticamente para as alcoólatras. Uma grande análise mostrou que o risco de desenvolver a doença salta 9% para cada aumento de 10 gramas de consumo diário de álcool por dia, até 60 gramas.

Além disso, o risco de acidentes e casos violentos é muito maior. Os hábitos de consumo não saudáveis colocam as mulheres em maior risco para uma variedade de consequências adversas à saúde e socialmente. Mesmo condições menos sérias, tais como sinusite ou infecções da bexiga, podem ser provocadas pelo abuso de álcool. Algumas ex-alcoólatras relataram infecções crônicas no seio, desidratação, síndrome do intestino irritável, etc.

O alcoolismo pode ser muito “sutil”. Muitas vezes as pessoas não conseguem perceber quando “cruzam a linha” para a doença. Aliás, muitas pessoas não sabem sequer que é uma doença: os sintomas são tão facilmente negligenciados. Por exemplo, em mulheres mais velhas, o álcool pode ser um “culpado oculto” que contribui para a depressão, quedas frequentes, ou insuficiência cardíaca. 


Mas porque esse aumento? De um ponto de vista antropológico, com a quebra das barreiras de gênero, antigos hábitos masculinos também passam a fazer parte do cotidiano das mulheres. A partir do momento em que as mulheres passaram a gozar de autonomia, velhos hábitos associados aos homens ficam à disposição, até mesmo aqueles que trazem danos ou perigos à saúde. Daquele psicológico, não basta ser uma boa profissional. No trabalho, a mulher acaba tendo que superar os homens e, apesar disso, ainda aceitar salários menores que os deles. Quando volta para casa, muitas ainda têm que se preocupar com limpeza, arrumação, alimentação e educação dos filhos ou o tédio/frustração se falta tudo isso: tamanha carga de responsabilidades e cobranças pode levar à busca por uma válvula de escape: o álcool. Ou seja, a maneira mais direita para transformar um problema em um drama. 

Comentários

  1. Talvez seja interessante destacar também, que o consumo exagerado do álcool por parte das mulheres, parece ter se tornado um mecanismo para exercício de poder ... qual poder? muitos ... junto a homens ... junto aos seus pares do gênero feminino e, nesse último caso, para quem não entra na "onda", sobra muitas vezes ser vista quase como "um bicho estranho" ... se não "enche a cara" não "fala a mesma língua" ...

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  2. Loraine, tinha te resposto. Não sei porque não aparece o texto aqui. Tu estas certa que o que tu descreve seja um verdadeiro poder?

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