Descobrir-se homossexuais na adolescência - SSA (Same Sex Atraction)
A descoberta
das próprias orientações sexuais é um processo que, embora inconsciente, é, na
verdade, já em vigor desde cedo. E hoje em dia a globalização conferiu
facilidade e direito em assumir-se homossexuais na adolescência. Algo porem que
aqui ainda não chega ser uma liberdade.
Enquanto são
crianças não tem motivos contingentes para dar importância às fantasias nessa direção.
Mas mais tarde, indo de volta à infância com as memórias, sempre se reconhecem
por ter já sido homossexuais. Simplesmente, em primeiro lugar não havia
necessidade de dizê-lo. Atração homossexual e fantasias eróticas já estão na
infância: na adolescência simplesmente vem formalizadas.
São frequentes
as preocupações dos pais quando os meninos (e especialmente as meninas) tendem
a vasar pródromos bissexuais, como, por exemplo, ao tentar definir o que os
excita ou os desgosta. Na realidade, essa bissexualidade não vem confirmada
depois como uma dimensão que pode conduzir à construção de um relacionamento
amoroso. Já quando vai além da simples sexualidade e envolve a maneira de amar,
de viver, geralmente esses adolescentes param de sentir-se ou definir-se
bissexuais. Quando permanece e se apaixonam, tem uma maneira específica de
amar; amam de maneira gay: dolorosa, apaixonada, pungente, ciumenta,
possessiva.
É neste
momento que os pais estão envolvidos: ou seja, não, por então, no registro da
sexualidade, mas no da relação amorosa.
Enquanto o
adolescente se sente atraído por meninos de seu sexo, geralmente vive esse sentimento
"na clandestinidade". Mas quando começa um caso de amor, é pego (como
uma criança) pelo desejo de comunica-lo aos pais. Mamãe e papai, no entanto,
longe de comemoração, sofrem terrivelmente. Eles vivem uma catástrofe, algo
absolutamente traumático.
E o problema
não é apenas o passado: é sobretudo o futuro. Ele é um filho destinado a não
ter uma vida normal; não vai ter filhos; não dar netos. E nessa sociedade
machista, da honra e da vergonha, os filhos são propriedades e as propriedades
são créditos sociais: conferem valor e dignidade aos olhos dos outros e nos negócios.
Tem um filme
que sugiro assistir para esses pais: “Duas vezes pais”. Assistam e choram todas
as suas lágrimas. Porque este filme tem a capacidade de mostrar áreas de dor
para eles ainda inexplorado. Ver este filme leva os pais a identificar-se com
histórias profundas, geralmente enterradas, inacessíveis, não transmissíveis.
Muitas vezes se ativam mecanismos de defesa de tipo paranoico ("foi
seduzido por má companhias) ou depressiva ("é inocente, a culpa é nossa
que temos tudo errado”). Mas não é assim que se supera a questão: porque a dor
deve ser elaborada, e para isso tem que vivê-la ao máximo. Há dimensões que
devem ser experimentadas para ser desenhadas, aceitadas, integradas e assim ultrapassadas.
É um grito que vale a pena.
Comentários
Postar um comentário