Daqui a 40 anos prevalecerá a Bissexualidade

Premissa: o ser humano é um produto de dois eixos inextricáveis e constitutivos da sua essência e identidade, analogamente a uma molécula de DNA. Estes constam em: a natureza, ou seja, instintos, pulsões, características espécie-específicas etológicas e a cultura, ou seja, a introjeções das soluções e dos artefatos culturais produzidos dos mesmos seres humanos para maximizar a sobrevivência em uma determinada fase histórica e contexto. Dependente de como interagem plasticamente natura e cultura, o ser humano se torna o que é, onde e quando é. 

Esse conceito bio-psico-antropológico também se aplica à sexualidade. Por exemplo, heterossexualidade e homossexualidade são duas maneiras culturais e não naturais de definir o ser humano. Essa repartição desenvolve-se a partir de outro artefato cultural que é a introdução da diferença entre masculino e feminino, algo funcional a fornecer fundamentos para outra invenção/solução cultural que é o conceito de família, que foi a solução social para organizar o novo problema da propriedade (ou seja da herança) que surgiu no 3100 a.C., com o início da prática da criação de animais. 

Nas sociedades primitivas, antigamente, tudo era de todos porque dominava a escassez, a precariedade e o perigo e a partilha era a solução: comida, ajudas, homens, mulheres, filhos, etc. Tudo era liberado. E obviamente o sexo também, que constava na naturalidade da necessidade de ejaculação. Não era finalizada a procriação, algo que começou com a descoberta da função da semente do homem muito depois, e nem ao prazer, algo que começou com a introdução dos contraceptivos.
O sexo era instinto, dissociado das questões de genros ou morais. Até hoje isso permanece em algumas culturas agrícolas fechadas e isoladas, onde permanecem explorações e práticas sexuais com animais e verduras tanto para “finalizar”, sem nenhuma ideologia do buraco. Tudo isso sem conotações de hetero ou homossexualidade. Com a criação de animais vem o acúmulo e consequentemente a propriedade e o problema da herança. Não era aceitável transmiti-la para todos os “filhos de todos”.

Se desenvolve assim o conceito de família, DNA cultural da sociedade patriarcal, que nada é além do que um dispositivo de segurança da transmissão do patrimônio (etim.: o bem do pai) por meio da garantia da transmissão da pertinência/propriedade dos filhos através do matrimônio (etim.: o bem da mãe). A partir desse dispositivo, sociedade e identidades se desenvolvem e organizam ao redor dos conceitos de masculino (forte, poderoso, etc.) para que o homem dominasse o trabalho, e feminino (frágil, submetido, inferior, excluída, etc.) para que a mulher fosse segurada e dominada enquanto cofre da garantia de transmissão da herança sem dúvidas de paternidade. Mas de um ponto de vista sexual permaneciam liberadas as práticas anais (tecnicamente contraceptivas).
Na sociedade grega, até o 700 a.C. era normal que cada homo tivesse esposa (só para ter filhos), concubinas (para a casa), cortesanias (prostitutas) e efebos (rapazes), bem por fins de tesão. Na sociedade romana, tanta era excluída a mulher e seu corpo que se chegou a criar a timidez da intimidade e nas noites de núpcias, quando os jovens virgens se casavam, o primeiro contato sexual era anal e recíproco. E assim por diante, até o século XVI, bem depois do Concilio de Macon (585), que deliberou por um voto que a mulher também tinha alma.


A antropologia do ser humano mostra como claramente o comportamento sexual natural é liberado de orientações e que a divisão em termos de hetero e homossexualidade é algo constitutivo e funcional à preservação do conceito cultural de família, que em sua vez é um dispositivo econômico. Entrando em crise e mudando a economia entrará em crise e mudará o conceito de família e de catolicismo (a religião da família) com tudo o que isso implica, assim como demostram os novos dispositivos relacionais tomam sempre mais dignidade e lugar na sociedade ou que 80% do recurso à prostituição é anal, sem questão de genro. E sendo que hoje é tudo mais rápido, é razoável deduzir que daqui a 40 anos voltará a prevalecer a bissexualidade, assim como novas religiões. De fato, a evolução é cíclica. Isso não se questiona. 

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