As perdas da vida
No próximo, “Parla con Deny”, ao vivo
todas as segundas na Radio 103 FM as 20 hrs, falaremos sobre as “perdas da
vida”. Serão dois os convidados especiais que acompanharão do programa: o Dr. Gerson
Weissheimer e a senhora Maria Benedetti, os dois com experiências significativas
de perdas a compartilhar com a gente.
Sendo que coluna e radio, de
prospetivas diferentes, tratam o semanalmente o mesmo tema, teria que escrever agora
sobre as perdas da vida. Sinceramente falando, seria fácil escrever
rapidamente algo de geral, e talvez banal, baseado sobre o meu trabalho de
psicólogo.
Poderia, então, desenvolver a coluna
destacando como as perdas e a morte sejam, de fato, algo de biológico e
natural, apesar do que os seus efeitos sejam sempre algo de pessoal e cultural
do que as pessoas tomam conhecimento só no momento em que essas perdas entram
em contato com a própria vida perceptiva.
Poderia aproveitar das historias dos
convidados para exemplificar como perdas significativas, de filhos, pais ou cônjuges,
introduzem prepotentemente e veementemente dentro de nos, que nem um estupro, o
sentido de morte e de exposição a morte, não tanto na dimensão do tempo quanto
naquela do pensamento.
Poderia destacar a dor, a dificuldade e todas as consequências
destruidoras pela saúde e o equilíbrio de “quem perde” orientando o leitor
sobre quanto seja importante um processo de elaboração do luto, com si mesmos,
com a família, com a comunidade e, obviamente, valorizando a função do psicólogo.
Poderia até mesmo, assustar e fragilizar, maximizando o drama arrasador das
perdas, assim de empurrar em procurar, com urgência, curas, remédios e
dispositivos protetivos, etc.
Ou poderia explicar como a maneira de reagir á
uma perda se associa á resolução positiva ou negativa dos processos de separação
infantil. De fato, a vida é 10% o que acontece e 90% como se reage. Ou, de
outro lado , poderia destacar como cada perda é uma oportunidade para
conhecer-se, medir-se, aprender, mudar, melhorar-se e perdoar, sobretudo si
mesmos.
Seria fácil. Argumentações não faltam.
Perder é algo de continuo e inevitável. É só parar e pensar quanto é natural
perder, até o ponto de enraizar-se, sem dar-se conta, na linguagem e nas gírias
comuns. Por exemplo, se fala de “perder”: a razão, o amor, uma pessoa cara, uma
amizade, a esperança, a juventude, um jogo, a copa, um dente, sangre, cabelos,
dinheiro, uma guerra, a paixão, a excitação, a saúde, o sentido da vida, a
confiança, a inocência, o desejo, uma sensação, o trabalho, a paciência, o
sono, a inspiração, a segurança e assim por diante...
A verdade é que o “perder” nos
acompanha toda a vida, e não simplesmente como um acidente, mas também como
algo de psiquicamente saudável sendo que marca cada mudança da vida, como quando
se passa de criança a ser adolescentes e depois (não sempre) adultos; ou de
estudantes á trabalhadores, de solteiros á casados, de donos de si mesmos á
pais, etc.
Claro, hoje em dia, em um contexto
social e uma época histórica que impulsiona bulimicamente ao acumulo de
objetos, onde o vencedor parece quem consuma mais, incluindo pessoas e
situações, o mais rapidamente possível, chega a ser quase blasfêmia a mesma
ideia de “perder”.
No dia a dia, parar, refletir, observar, parecem ações
“perdedoras” respeito a corrida a preencher o tempo e o espaço de rumores,
sons, encontros fugazes, substancias que excitam, objetos que falam em seu
lugar, etc.
Nesse sentido, o primeiro sinal de inquietude ou de ansiedade acaba
a ser decodificado e vivido como doença, algo de inaceitável da evitar e
“matar” o mais rapidamente possível, talvez com um fármaco. É o que acontece
com o ataque de pânico, sintoma comum hoje em dia, que teria que ser lido como
um alarme que desperta a pessoa a dar-se conta de quanto esteja longe de
si mesmo, ou seja, sem competência a perder, separar-se, renunciar, crescer.
É evidente como saber perder; aprender
a perder, é vital. Imaginam, simplesmente, como seria saudável, para si mesmo e
para os outros, “perder” aqueles mecanismos automáticos que levam uma pessoa
sempre a fazer os mesmos erros, a errar parceiros, a machucar-(se), a falhar
provas ou como seria fecundo “perder” o medo, o ego, os vícios que escravizam,
e assim por diante.
Enfim, saber perder não poderia ser a maior conquista da
gente?
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