Antropologia do carro e estacionamento rotativo em SMO

Como já levantei em outras colunas para entender um povo, se pode começar observando três comportamentos. A maneira como: constrói e vive a casa, joga a futebol e usa o carro. Já abordei arquitetura e futebol. Sobre “o carro” como espelho da cultura especifica dessa região, bem nesse momento histórico, apontamos três aspetos: o valor que as pessoas atribuem ao carro; a educação e competência em dirigir, no transito, e o impacto civil no planejamento urbanístico e normativo, ou seja, a questão do estacionamento rotativo.

Que o significado e o valor do carro mudou de simples meio de transporte a status-symbol, com todos os seus sentidos sociais e psicológicos, é algo bastante normal em todas as sociedades capitalistas que, continuamente e constantemente, precisam redefinir os seus marcadores classistas de sedução e poder. Não tem muito sentido, portanto, moralizar essa atitude consumista ao carro. Inclusive a maneira exagerada de valoriza-lo depende da rapidez exagerada das mudanças econômicas e sociais no País. Demais. Portanto chega um ponto em que as coisas acabam a ter valor não em si mesmas (valor de utilidade) mas bem pelo fato de custar muito (valor psicossocial).
Na psicologia do marketing isso se chama de efeito Vablen. Nesse sentido, a relógio Rolex tem a sua atratividade não porque mede o tempo (função), mas bem pelo fato que custa muito.

Outra consideração tem a ver com a maneira de dirigir. É bem evidente como, aqui, dirigir á ainda complicado. Muitas pessoas tem medo de dirigir, das estradas, com as rotatórias, não conhecem o código de viabilidade, não tem medida com os pedestres, com as distancias de segurança, para as cintas de segurança foi necessária uma lei, etc. Tudo isso testemunha como “o carro” ainda seja um corpo estranho respeito á identidade cultural da região, historicamente caracterizada (ainda?) por estradas de chão e cavalos. Mas isso também á normal. A tecnologia demora um tempo para ser absorvida plasticamente do cérebro e traduzida em conforto. Famoso é o episodio da primeira projeção no ano 1895 dos irmãos Lumier, quando todo o publico fugiu assustado pela visão na tela de um trem o apontando. Ainda os neurônios não tinham familiarizado com o cinema. Assim como quando foi introduzido o computador para os funcionários públicos dos USA. Imediatamente aumentaram depressões e ataques de pânico. Trabalhar e lidar com algo que ainda não se entendia foi demais.

Mas então, se até esse ponto, as duas colocações são gerais, a minha leitura sobre o estacionamento rotativo é bem local. A questão é obviamente controvérsia. Bem conhecidos são os raciocínios dos favoráveis e dos contrários. Além disso, generalizando e banalizando, parece quase tornar-se uma contraposição entre ricos e pobres, empresários e funcionários, interesse comercial e direito civil, moradores e forasteiros, etc. Assim sendo, o estacionamento rotativo parece o enésimo reprodutor institucional de desigualdade social. Mas isso faz parte seja do sistema que da cultura brasileira. A democracia é uma oportunidade que os fortes de fato tomam sobre os fortes em potencia.

Por isso do meu ponto de vista a questão do estacionamento rotativo tem mais um sentido político-econômico do que urbano-civil. Exemplo. Hoje em dia em smo se estão construindo muitos prédios. O aumento da oferta, obviamente, pode reduzir os valores imobiliários se não acompanhados de um proporcional aumento da demanda. Mas o estacionamento rotativo vai aumentar a atratividade das vagas. Portanto o que se perde de um lado será compensado do ganho de outro, garantido o equilíbrio dos interesses de mercado e, consequentemente, da politica. 

Obviamente isso é só um ponto de vista entre outros. Expressam os seus, segunda que vem em “Parla con Deny”, o programa radio interativo, as 20 hrs na 103 FM. Conversaremos bem sobre isso.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mudita - O princípio da felicidade

Pilotos cegos ao governo e...protestos

Crianças Mal Educadas (como rechonece-las) e Sentimento Civico