Peperi-Iguçú: apenas uma ponte?

Após ter lido as 45 paginas do projeto do corredor ferroviário de integração bi-oceânico de Darci Zanotelli que vislumbra o anseio de uma interconexão ferroviária Brasil/Argentina/Chile como eixo de um corredor multimodal de integração do Mercosul, dá para entender como atrás de toda a grande mobilização de instituições, políticos, empresários, etc., desses dias, para a finalização do ponte internacional Peperi-Iguaçú, existe uma ambição filha de uma visão empresarial, politica, social e cultural mastodôntica. 

O projeto, em si mesmo, propõe um sistema de transporte multimodal integrado, cujo resultado final será um eixo ferrovial de caminho métrico em toda a sua extensão. Este eixo quer promover uma interconexão entre os Oceanos Atlântico e Pacífico num sentido Leste-Oeste, aproximando em uma mesma latitude, desde os portos do Litoral Sul Atlântico do Brasil, com ramal existente até São Paulo, até o Porto de Mejillones do Sul, no território Norte do Chile, atravessando províncias do Nordeste e do Noroeste da Argentina: projeto, obviamente, que compreende não somente o eixo ferroviário, mas dispõe sobre: colocação em rede de uma serie de melhorias de infraestruturas já existentes, a colocar sob a administração centralizada de uma empresa única finalizada a promover soluções logísticas integradas; urbanização com critérios sustentáveis; execução das obras de energia; apoio para instalação da Área de Controle Integrado; Gasoduto Brasil. Valor estimado: R$ 3.618.576.121.67. 

Essa seria a moldura entre a qual ler os R$ 84 milhões investidos dos municípios de SMO e Paraiso para o asfaltamento desse trajeto de 29,7 Km que ligaria Paraiso a San Pedro.

Agora, deixando pra lá as perplexidades sobre como será possível continuar a ter uma necessária convergência de forças politicas, econômicas e sociais, para concretizar um plano integrado de longo prazo tão gigante em um país onde a logica do apoio funciona por “amizade” - ou seja, que a tendência geral é apoiar todo o que fazem os amigos, enquanto amigos, independentemente do que é, e desapoiar todo o que fazem os “não amigos” enquanto “outros” (com a complicação que amigos e não amigos mudam muito rapidamente em função das facilitações ou dos incômodos pessoais) – me pergunto:

Será que em um país onde o ensino dos conceitos e dos comportamentos individuais e coletivos passa pela obrigação institucional e não pela educação (a consciência democrática passa pelo voto obrigatório; a consciência de segurança no transito passa pelas cintas de seguranças obrigatória, lombadas e multas e a consciência civil pela ação das policias) construir pontes não servirá apenas para ultrapassar fronteiras físicas, juntando territórios, mas também para aquelas mentais, integrando diferenças? 


Sempre gostei das pontes: obras físicas e mentais de evolução, ligação e acrescimento. Agora, uma ponte que não tem disponibilidade á ser atravessado não serve para nada e acaba a ser apenas um desperdício de oportunidade e dinheiro.

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