Os Adolescentes do futuro e o Futuro dos adolescentes
Em uma
recente entrevista me perguntaram o que eu espero para o futuro da cidade.
Achei uma pergunta realmente inteligente.
Os
leitores mereceriam uma resposta do mesmo nível, mas teria que ser muito detalhada
e complexa enquanto: de um lado, é de grande importância sendo que tem a ver
com o futuro da cidade e dos filhos; de outro devido ao fato de que sou
psicólogo e antropólogo e, portanto, se entra no meu campo e gostaria explicar
bem (coisa que parece difícil vendo as reações a ultima coluna). Por essas
razões, talvez, a resposta, que depende da minha capacidade de explicar e
daquela de alguns leitores de entender, não será da mesma espessura.
Mas
tentamos, partindo de um ponto: SMO é uma das realidades mais fechadas que eu
conheci. Dá pra dar-se conta disso de varias e diferentes prospetivas. É
fechada: nos grupos e nos relacionamentos; fechada na economia, na abertura as
empresas (é só olhar das leis 3445/94 de Basso até a 5526/05 e 5990/07 de Valar)
e no comercio (principalmente interno); fechada no ensino: os professores de
hoje são os alunos de ontem: padrão que estruturalmente não deixa evoluir o
conhecimento mas repetir o conhecido; é fechada mesmo na arquitetura com as
suas quadras regulares, suas casas hipermuradas, com portões de garagem sem
sensores, assim que possam fechar-se rapidamente e sem riscos.
Os
fatores históricos e culturais dessa característica podem ser muitos (alguns
dos quais já tratados em outras colunas) a partir do fato que SMO mudou e
cresceu muito rapidamente sem ter completo entendimento (ou seja sem ter preparo)
de como e porque esse desenvolvimento se desencadeou. Evidentes são os
benefícios económicos mesmo que se baseiam sobre valores nominais e dividas.
Consegue que muitos se fecham para proteger tudo isso do medo de perder esse
equilíbrio, sucesso e bem estar. Mas se não se entende como chegou a riqueza,
nem se entende como se pode perdê-la (outra falta de preparo). Então todo torna
a ser um perigo e as necessidades de (se) segurar e (se) proteger levam a
fechar-se de um ponto de vista social e a mimar de um ponto de vista educativo.
De um
ponto de vista psicológico a falta de preparo leva ao medo e o medo á
agressividade, cujo fechar-se é uma manifestação.
Mas
essas são características que, inevitavelmente, não geram desenvolvimento e/ou
capacitação. E quem vai pagar as consequências será a geração dos adolescentes
de hoje. Uma geração que vai perder-se, assim como já aconteceu na EU e nos USA
nos anos ’70, entre desorientação, baixo limiar a frustração, falta de
iniciativa, capacidade e autonomia, além do recurso as drogas (álcool e
fármacos incluídos).
Tudo
isso por causa da falta de preparo que deixa os adolescentes absorver mensagens
ambivalentes: De um lado os pais declaram aos filhos que podem ser o que eles
querem (estudar, ser altos profissionais, viajar, comprar, etc.), espelho do
sucesso deles mesmos, de outro inculcam que não sabem fazer nada (mimando,
resolvendo, comprando, etc.), assim que os pais possam continuar “segurando” os
bens deles (trabalho e filhos), assim fechando(se) as ameaça das perdas
(ameaças tantos presentes e concretas quanto mais tinham a ver com o passado).
Mas sendo
que o futuro depende do que a gente faz hoje a minha esperança para o futuro de
SMO é que a gente aprenda a se abrir, ou seja, a disponibilizar-se para um
preparo pratico e emocional as mudanças: por exemplo, seria necessário buscar
preparo antes de casar-se ou de ter filhos ou na passagem dos estudos ao
trabalho. Isso é simplesmente imperativo para entregar o futuro aos filhos,
ajudando-os a construir-se o deles. Para concretiza-la seriam necessários de um
lado bons psicólogos e bons políticos, que trabalhassem coordenando-se em
planos sérios de capacitação pessoal, cultural, civil e econômica; de outro um
interesse das mesmas pessoas a arrumar-se para o futuro e não apenas para a
festa do presente.
Bom dia.
ResponderExcluirAcompanho sua postagens "Zona Franca" e preciso confessar que o ditado "a justiça tarda mas não falha" é verdadeiro. Tudo o que tens escrito sobre nossa cidade é o sentimento que já tive e continuo tendo infelizmente. Desde que fixei residencia aqui em SMO, me sinto um "FORASTEIRO" . Sou Educador Físico, Árbitro de voleibol (CBV) Técnico de Voleibol e por que várias vezes tentei colaborar com idéias, mais precisamente na Secretaria de Esportes, como também com outras secretarias, através de Projetos encaminhados a Câmara de Vereadores no sentido de promover melhorias na Educação, Saúde e Transito. Mas, como já escrevi anteriormente fui INFELIZ e não sabia porquê, Agora tenho a resposta, não nasci aqui, portanto não pertenço a esta Sociedade Fechada.
Muito obrigado por perceber, detectar este sistema de vida daqui e o mais importante, divulgar através deste Órgão de Comunicação. Verdadeiramente, se OS ADOLESCENTES não forem informados e orientados, de que eles são os agentes transformadores desta mudança, desta evolução, então realmente fica difícil, tendo em vista que OS ATUAIS, não querem e não estão preparados para estas transformações necessárias que muito contribuiriam para a evolução social, cultural, política, educacional e religiosa daqui e, como cidade POLO, também influenciar nas cidades adjacentes.
Paulo Cesar Pereira - Professor
Boa tarde Paulo, que bom receber o seu comentário e desculpe o atraso em responder.
ResponderExcluirEu bem entendo aquela frustração que surge do reconhecer-se e sentir-se excluídos, prejudicados, etc para atitudes que chegam injustas ou sem razão. Mesmo assim convido o senhor a não desistir e não deixar prevaler dentro de si aqueles sentimentos de decepção, raiva, resignação ou desistência.
De fato é verdade que a gente ainda é hospede. E não podemos pretender de fazer parte (ou seja não ser mais hospedes mas membros com direitos constitutivos) de uma cultura fechada porque se fosse assim não seria fechada. Então é importante entender e respeitar os fatores que levaram a gerar essa característica porque somente assim se podem gerar mudanças e evolução.
Todas as culturas inventadas de repente, sem evolução, a partir de fluxos migratórios ... acabam a esquecer as origens e ser agressivos contra quem volta apresentando a mesma situação do que eles fugiram (é só ver os estados unidos).
Bem porque os brasileiros daqui não são brasileiros que são resistentes com quem repropõe o passado dele, ameaçando assim de roubar o futuro.
Mas pessoalmente acredito que não tem que ser posta a questão como um problema de "autoctonos" contra "forasteiros".
é necessário entender ... que os limites são limites até que não se superam ... e se as vezes não se superam por falta de preparo e conhecimento (que acaba a ser lido como falta de vontade) é porque ninguem antes apresentou o problema ou ofereceu soluções ...
é assim que se cresce ...
força ;)
Deny Donato
ResponderExcluirNão entendo muito bem a a questão " Nâo sou daqui", São miguel do oeste é feito de pessoas que não são daqui.. ou será que esqueceram que Meu pai é gaúcho... minha vó tb de onde vc é? POUCOS nasceram em são miiguel e muitos deveriam lembrar-se disso ao receber com carinho as pessoas que chegam, talvez um pouco depois que a grande maioria....