Informação viral: Facebook, artigos e vídeos caseiros no Web.

Nesses dias dois tópicos populares tumultuosos levam-me a refletir sobre quanto aqui ainda são grandes os riscos de divulgação na rede.

O primeiro é um artigo sobre o Brasil da revista France Football que tem mais de 200.000 partilha no Facebook (veja blog). Para quem não sabe o relatório apresenta-se assim: "12 páginas que resumem o Brasil em todos os seus sentidos". O artigo atira a zero sobre os brasileiros referenciando meticulosamente dados sobre diversas áreas da vida civil e designando um cenário trágico do ponto de vista da falta de cultura de trabalho e educação, da precariedade das infraestruturas (hospitais, estradas, etc.), do conluio entre a enorme corrupção e o crime violento e generalizado e um pais perdido entre protestos, excessos, etc. Alguns dados, tais como a comparação do número de mortes referentes as Copas do Mundo de vários países em vários momentos, até me impressionaram muito do ponto de vista da construção retórica do texto. Enfim, um ataque político progressivo e inexorável contra o Brasil baseado sobre dados a efeito. Tanto que a abertura do texto era: como não se envergonhar?

Agora, neste caso, que sabe como ler as informações, vê facilmente que é uma farsa-fake. Em primeiro lugar, porque a maneira pela qual é escrito encruzilha e mistura dados objetivos, considerações subjetivas não mesuráveis, avaliações políticas e julgamentos morais. De fato, um estilo de retórica de baixa ordem, para que se ganha crédito usando dados legitimando o que já suposto e, em seguida, usando essa credibilidade para preencher de consenso uma tese (política) já pré-constituída mas disfarçada de dedução. Isso, obviamente, não é jornalismo.

O segundo tem a ver com a divulgação em rede de vídeos caseiros e informações privadas.

Ambos os "tópicos" tornaram-se rapidamente virais, ou seja divulgados de jeito descontrolado e exponencial. O impacto? Poderoso! As consequências? Potencialmente devastadoras.

E este é o ponto. Em um país onde o uso da Internet cresceu 143,8 % em seis anos, com 80,9 milhões de usuários, a falta de familiaridade, educação e regulatório do Wide World Web é algo extremamente perigoso. Mas parece não importar.

Basta dizer que há apenas alguns meses que está sendo levada em consideração a proposta de lei 21626/11, conhecida como o Marco Civil da Internet, visada aos conteúdos ilegais (pornografia infantil, racismo, fraude, terrorismo), os prejudiciais (pornografia adulta, violência, etc.) e outros riscos, tais como informações falsas ou enganosas, fontes confidenciais, etc.

Mas porque essa falta de interesse? E o atraso? Acredito que, de um lado, a regulação direta teria prejudicado as 50 grandes empresas que fizeram mais de 80 investimentos (para um total de R $ 1,7 bilhões) no web, sendo que a ausência de regulamentação aumenta a agressividade e os lucros; mas de outro, depois de ter lido a manipulação política do texto do France Football, me pergunto, 

será que esta falta de regulamentação tem a ver com as próximas eleições?