MAS QUE DROGA ...?!


Não é por acaso que o Arcebispo do RJ abriu a JMJ endereçando-se para usuários de drogas, convidando-os a seguir a palavra de Deus, cuja casa também é deles; nem que a Dilma iniciou o seu mandado declarando de querer “combater as drogas com toda força, como se fosse uma guerra".

A “Questão Droga” é, de fato, o espelho de um país enquanto aglomera e envolve todas as forças civis de uma sociedade (Economia, Política, Justiça, Saúde, Educação, etc.). De como lida com isso mostra a sua força e sua alma. E o Brasil? Como está enfrentando esta guerra? Como aborda as suas três linhas de 1) A oferta. Ou seja, o tráfico. Frente Justiça; 2) A demanda. O uso. Frente Prevenção; 3) O tratamento. Frente Saúde:

A partir dos dados, mais do que dramática, a situação é trágica. O BR é o primeiro país no mundo seja como consumidor que como exportador. E, prestam atenção, sem produzi-la. Isso significa, de fato, que o pais está nas mãos dos traficantes, que têm o poder de sacrificar a sociedade para torna-lo a central operativa do mercado mundial (o 90% da receita da droga è lucro do trafico). A ONU estima um movimento de 400 bilhões de dólares

Em 18 anos, alinhando-se aos planos e aos modelos do USA, o investimento nessa luta passou de 2 a 39 bilhões de dólares, dos quais bem o 68 % para a luta contra o tráfico e apenas o 32% para a redução da demanda. Mas, mesmo assim, a droga é agora mais acessível e barata do que nunca e a demanda cresce (ainda mais com a recém chegada do Oxi); só pra ter uma ideia, as Forças Policiais apreendem apenas 20% da droga em circulação. Os tratamentos curam só os 30% dos usuários.

Vista assim, a guerra parece perdida!

Mas bem por isso merece reconhecimento a primeira oficina de mobilização interèsetorial das políticas públicas sobre as drogas, realizada em 16 /09 em SMO, na qual participei como psicólogo CAPS de Maravilha. Um sinal ainda mais forte porque aqui no Oeste, terra de fronteira, veia viva e aberta do tráfico de droga.


No passado, por conta de Médicos do Mundo ONG, eu representava a Itália na mesa de trabalho da Comissão Europeia sobre as políticas nacionais contra a Droga. Digo isso para destacar como considero um importantíssimo sinal cultural esta disposição das forças civis envolvidas a se unirem para refletir, colaborar e integrar-se para analisar propostas estratégicas. Essa abordagem, de facto, é a única possível para obter resultados. 
Porém, para dar substancia é necessário superar duas pedras culturais enormes, que pertencem em cada um: 
1) Superar a mentalidade enraizada do "quero tudo pra ontem" que, de fato, laça a boa política, impedindo-a de planejar e implantar planos prospectivos, enquanto xequeada da necessidade de não perturbar ninguém em seus requerimentos imediatos. Um “quero pra ontem” sobre o que, antropologicamente, baseia-se e alimenta-se o “jeitinho brasileiro” mas que, no fundo, psicologicamente, revela uma profunda desconfiança no futuro (herança do colonialismo?) e uma baixa limiar a frustração (consequência do estilo educativo nas famílias?); 
2) A incerteza para o seu próprio trabalho que leva pessoas e serviços a pensar em si mesmos, minando e picando, assim, a eficácia de um sistema baseado na rede. Por isso não é suficiente pedir mais recursos para os profissionais, como emergiu, se permanece intacta esta estrutura cultural. Precisa mexer nas raízes. Pessoalmente, acho eficaz uma distinção forte entre usuários e criminosos, com a cessação dos benefícios econômicos e judiciários para quem é envolvido em crimes, a fim de motivar as mesmas famílias e tomar medidas preventivas e, ao mesmo tempo, reduzir e otimizar os custos sociais. Nesse caso, os benefícios seriam estáveis e profundos, porém é precisaria um tempo para ter resultados. 

Contudo, agora estamos assistindo a introdução do "Cartão Recomeço", conhecido como “Bolsa Crack”: 1350 R$ (420 bilhões em 20 anos), diretamente alocados as clinicas privadas creditadas (que cresceram do 400% em 2 anos), para as famílias de usuários a serem tratados. 

A guerra contra as drogas é uma guerra de civilização e cultura. Mas como ganhar em um sistema que pune o tráfico, incentiva o uso e enfraquece aqueles que luta? 
Assim, quem leva vantagem?



Fonte Dados:


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