As 5 razões para afirmar que o gigante ainda não se acordou


O Gigante acordou? Esta é a pergunta que reverbera e salta com grande paixão e entusiasmo dentro dos limites de quase todo o Brasil, ou pelo menos na parte mais avançada tecnologicamente e acostumada com o uso da Internet e, acima de tudo, facebook e redes sociais em geral (que, como veremos, têm um papel fundamental na determinação dessa onda de manifestações e protestos). Uma paixão (entusiasmo) juvenil, deslumbrante, abrangente; uma paixão daquelas que como um amor de verão, você parecia esperar por toda a vida e que quando te possui, você quer grita-la para todos, muito além das fronteiras do próprio estado (e país), porque nada é mais importante, forte e correto desse novo sentimento, nada vai absorver e captar de maneira tão intensa e rápida, que depois, como todo o bom amor de verão, vai embora, naturalmente, uma vez que as férias terminam e se volta para a vida cotidiana de sua própria casa.

Mas o que exatamente está acontecendo? Como ler e interpretar essa onda de manifestações que está afetando o país? O que enfatizar e o que, em vez disso, redimensionar? O que permanecerá de importante e o que será? Quais são as consequências do ponto de vista prático e cultural?
Abaixo eu ofereço uma chave para a compreensão e algumas considerações, organizadas por pontos, para de-codificar e interpretar o que está acontecendo em relação aos "fenômenos de protestos" que estão acontecendo na maior parte do país e, obviamente, não será uma leitura com perspectiva política (que não é a minha área), mas de uma sociológica, psicológica, antropológica, histórico e cultural. Em particular, vou tentar traduzir, de uma forma simples, os mecanismos e processos sociológicos e psicológicos, sociais e comunicativos, que, historicamente e cientificamente, são sempre aqueles conhecidos, gerais e iguais em si mesmos, relatando-os com as especificidades do período, do contexto comunicativo e da cultura brasileira moderna.
Considerações que, ao final, me levam a argumentar que: - Não, o gigante não se acordou ainda -, mas esse choque em seu sono é um passo vital e culturalmente relevante para a construção de uma democracia verdadeira e plena. Vamos ver o porquê:

As 5 razoes para afirmar que o gigante ainda não se acordou:

1.            Não há um único objetivo, identificável, comum, concreto: as razões contra as quais os protestos e os conteúdos gritados são, na sua maioria, genéricos e indiferenciados, ideológicos, completamente independentes uns dos outros e, às vezes, até mesmo em conflito ou incoerentes uns com os outros;  ou seja, falta um objetivo concreto, comum, compartilhado, em relação ao que um ou mais objetivos. A "teoria dos grupos" identifica diferentes tipos do mesmo, cada um com suas próprias características e dinâmicas de funcionamento específicas. Há grupos de trabalho, de objetivo, de palavra, estruturados, não estruturados, etc. O objetivo comum é um organizador de grupo forte: ele orienta as práticas e ações e fornece motivação e energia. Neste caso, para sustenta-lo, é fisiológica e também necessária a identificação de um líder. É evidente, neste caso, que as pessoas, o povo que protesta não é um grupo de objetivo comum e, portanto, não tem a força para determinar a ação. De acordo com as "teorias da identidade social", um grupo se formar em oposição a outro grupo, ou seja: "Não tenho nada haver com você, mas você é meu companheiro (e, portanto, do mesmo lado), porque temos o mesmo inimigo". Uma aplicação deste mecanismo psicológico e sociológico pode ser facilmente visto em todos os níveis sociais: a partir do cotidiano, onde uma torcida esportista constitui um exemplo, quando você identifica uma pessoa que não tem nada haver contigo do seu lado, simplesmente porque torce contra o mesmo time que você, até mesmo o mais alto e refinado, por exemplo, os governos que inventam ou utilizam "inimigos estrangeiros" para reagrupar e homogenizar as diferenças perigosas e obstaculizantes internas (um caso-histórico em questão são as guerras do Golfo e o ícone de Bin Laden que os governos  Bush, Bush e Clinton nos EUA utilizaram para concertar as dificuldades na politica interna). Bem, sem dúvida, a multidão de protestantes constrói a sua identidade como uma entidade viva ou de grupo com base em uma oposição comum a uma ideia abstrata e geral de uma classe política representada genericamente pelo governo. Pena que, neste caso, a presidente Dilma, com um golpe excelente de comunicação política, como um professor, já minou o motor e a energia necessária para alimentar e dar continuidade a esta força e forma de coesão de grupo, declarando solidariedade com os manifestantes e de se sentir feliz por esses movimentos, assim unindo, incorporando e fazendo suas, como um grande matryoshka, as mesmas causas em que ela seria o alvo. O aluno, neste caso, ainda não supera o mestre.

2.            Protestam contra si mesmos, na ausência de uma identidade cultural unificada, forte e compartilhada: com certeza, certos comportamentos (políticos) públicos chegaram a um ponto de degeneração e exagero insustentáveis e ofensivos por descaramento e falta de vergonha. Mas os mecanismos que estão por trás desses comportamentos, atos de corrupção, de favoritismos e de egoísmo, para obter benefícios pessoais através do interesse e conhecimento de amigos, a troca de favores, o hedonismo, a relação, tão moral para se tornar quase imoral, com o dinheiro, não afeta talvez a mesma base do povo brasileiro? Não é verdade que você pode encontrar os mesmos mecanismos culturais, ainda que em diferentes níveis, em cada um de nós? Não é verdade que a nova crescente classe média aproveita de truques, como a evasão fiscal, a falta de emissão de notas fiscais, as relações de clientelismo com castas de profissionais, amigos, etc. Não é verdade que surgem e se reforçam constantemente grupos de corporativismo, mais ou menos secretos, mais ou menos legais? E não é verdade que os menos abastados  se beneficiam e sossegam com a proliferação de subsídios, doações e empréstimos que não são nada mais do que negociação em troca de voto? "Eu não pago pelo o que você faz ... pago-lhe para fechar os olhos sobre o que eu não faço e votar em mim. Encha a barriga, divirta-se e deixe-me fazer ... vote em mim. Panem e circem ". Não é verdade que os filhos das novas classes médias pretendem se inscrever em cursos universitários não por vocação, mas somente por ambição em ganhar altos salários? No Brasil não há falta de pessoas treinadas em medicina, e sim falta de médicos que queiram ser médicos e salvar vidas em lugares longe de casa, sem fatores atrativos ou cheios de inconvenientes, ou seja não equipados para o seu conforto e diversão. O que falta, porém, são professores, educadores, pessoas que possam construir a cultura e a consciência social. Por quê? Simples. Ganham pouco. Na Inglaterra, por exemplo, médicos, necessariamente, tem que praticar por dois anos nas terras das antigas colônias, “no fim do mundo”, sob as piores condições possíveis, para assim obter o reconhecimento para trabalhar. O juramento de Hipócrates é um assunto sério. Na Europa, todos, do mais pobre ao mais rico, em primeira instância, se direcionam ao sistema público de saúde: além da qualidade e profissionalismo, que são indiscutíveis, é uma questão de consciência social e cívica, no fundo é um serviço pago com os impostos dos próprios cidadãos, um direito reclamado pela mesma ambição de médicos e de todos os profissionais de saúde que querem e preferem trabalhar no sistema publico, porque assim fazem a sua parte na promulgação da saúde e na construção de uma sociedade saudável e civil. Esta é uma característica europeia e, também, uma categoria cultural. É esta, por acaso, a mesma categoria cultural daqueles que tomaram as ruas e protestam no Brasil agora a respeito da importação de médicos estrangeiros, por exemplo? Quantos deles estão prontos para desistir dos benefícios que recebem a cada dia, graças aos mesmos mecanismos e formas contra aos quais estão protestando agora? Quantos estariam dispostos a desistir de seu estilo de vida para estar de acordo com um princípio? E quando chegarem ao ponto onde perceberem que, talvez, aqueles que são a causa dos protestos que ocorrem são seus próprios pais, quantos estariam prontos para ir contra eles mesmos,  a ponto de correr o risco de quebrar relações familiares em nome de um princípio? Do ponto de vista da identidade histórica e cultural, o povo deve ser necessariamente muito forte e profundamente enraizado na representação coletiva do todo para manter e apoiar um impulso semelhante, verdadeiramente revolucionário. Mas o Brasil não tem isso. O Brasil ainda é um recipiente de diferentes culturas e desconectadas realidades, culturais e étnicas, econômicas, linguísticas, religiosas, morais, etc. Na verdade, é graças a esses desligamentos e distâncias que a representação da política e do governo está enraizada na mente dos cidadãos, pelo menos até agora, como algo "diferente" e "distante": um conceito onde "eles" ladrões e corruptos  não tem nada haver com as pessoas, exceto pelos impostos que cobram (“ou roubam”). E, de certa forma, esta política sempre se beneficiou e usufruiu dos seus poderes em razão dessa distancia. Pena que o político tão diferente e distante de nós, até pouco antes, era o nosso vizinho. Entanto, quem é o responsável por essa distancia? Claro, na onda de entusiasmo da manifestação se podem dizer muitas coisas, mas entre dizer e fazer tem deve haver  uma mudança. Quantos estão dispostos a mudar si mesmos e assim verdadeiramente mudar o Brasil. Como é mesmo o slogan do FB? Desculpe o transtorno, mas estamos mudando o pais.

3.            Facebook como uma extensão e não como um meio: com certeza, a partir de uma perspectiva pisco-social, a tecnologia dos meios de comunicação e o seu desenvolvimento, sempre engatinharam, e caracterizaram as formas, regras e dinâmicas de todas as manifestações de "revolução". Hoje assistimos ao poder do Facebook? Bem, com as necessárias distinções não estamos falando de uma novidade. Basta pensar na Reforma Protestante do século XV, talvez a maior e mais chocante revolução cultural depois de Cristo, quando utilizando a nova invenção da imprensa, por Gutenberg de 1434, e seu poder de divulgação e propaganda, Lutero e seus seguidores destruíram os fundamentos teológicos do poder absoluto da ordem e da igreja, espalhando entre as pessoas a crença e o valor de que Deus falava diretamente com cada um deles e não exclusivamente por meio da Igreja. Ao fazer isso, eles usaram os meios de comunicação (imprensa) como um meio de promover a mudança e alcançar um objetivo. Trazer Deus aos homens e tirar o poder da igreja na época, reconhecida  pela oligarquia, corrupção, autoritarismo injusto, ganancioso e distante do povo. Lembra alguma situação? Da mesma forma o uso da nova tecnologia do cinema levou e acompanhou não só a propaganda política da Segunda Guerra Mundial, mas, até mesmo contribuiu nas estratégias de guerra. Até mesmo as redes sociais e facebook já tiveram sua parcela de importância histórica na determinação dos tumultos e "revoluções" populares, basta pensar na recente Primavera Árabe ou no movimento pelos direitos civis egípcios e turcos até chegar ao recente movimento político italiano de Grillo, que chegou ao governo graças ao seu blog e ao uso esperto da internet. Mas o que está acontecendo aqui no Brasil, do ponto de vista psico-social e da comunicação, é um mecanismo qualitativamente diferente desses exemplos históricos e referenciais. Neste caso, ao invés de um mecanismo de utilização instrumental para espalhar uma mensagem de mudança e coordenar a sua ação, eles estão propondo e estendendo os mesmos mecanismos de rede de comunicação virtual, traduzindo-los fisicamente, em uma verdadeira extensão dos mecanismos  virtuais do facebook em mecanismos físicos. Vou me explicar melhor: O que está acontecendo é o seguinte. Todos saem às ruas para apoiar e declarar sua própria mensagem pessoal, sua ideia, seus sentimentos, sua causa ou o que é mais sensível individualmente, aproveitando-se da praça como um mecanismo amplificador para divulgação e promulgação. Poderíamos dizer que, neste caso, trazem seu próprio sinal na praça que é como escrever seu status no seu mural fb, postar uma foto e provar que esteve lá, e o obter o "curtir". O resto é feito pelos compartilhamentos que você recebe, vivenciadas e procuradas com o mesmo entusiasmo e envolvimento de uma experiência nova e única, como acontece nas férias excepcionais que necessariamente devem ser  mostradas,  um testemunho de ter sido parte de algo novo, que não se pode perder, como um show, um evento, um momento de celebridade, de fato, o mais próximo que que se possa chegar em fazer parte da história, para não perder o momento, e para se ter visibilidade, se sentir moderno (quase melhor do que estar no " big brother "). Neste caso, no caso dos “protestos” brasileiros, o facebook não é usado de forma estratégica e instrumental para atingir um objetivo, organizar os protestos, mas é a praça que é usada simbolicamente para revitalizar e ampliar os mesmos mecanismos de comunicação que caraterizam a rede social e que o facebook  propõe. Ás vezes parece que temos que falar mais da onda da moda e do desejo de ser lido e de fazer parte da historia do que realmente dizer alguma coisa especifica para realmente fazer a história, tanto é que, nesse fenômeno particular,  todos podem ter uma palavra a dizer ... inclusive eu, aqui e agora.

4.            Violência muda as cartas na mesa: a partir do ponto de vista psico-social e antropológico, a violência é um fator muito poderoso para organizar e constituir os grupos e suas dinâmicas. Em outras palavras, a violência muda a natureza das coisas, alterando a definição da situação. Quando a polícia reagiu ("atacou") os manifestantes pacíficos, tudo mudou. A polícia tornou-se um símbolo de opressão, de um governo injusto, que não legítima os cidadães, agressivo e pronto a fazer qualquer coisa para defender seus interesses e, que se observa, em um país que ainda tem uma ditadura militar na memória genética, da qual se libertou há apenas alguns anos. O grupo de manifestantes, portanto, que até aquele momento, então, era o promotor de uma novidade de expressão, liberdade de comunicação, que era heterogêneo, indiferenciado, mas livre, entusiasta e pacífico abriu, por oposição à violência, seus bancos para recolher a franja violenta uma parte da sociedade frustrada, criminal, estúpida, vagabunda,  reprimida ( ou aquele lado de cada um de nos que se identifica com essas características) que aproveitaram o anonimato da massa, que protege e remove a responsabilidade, pelo vandalismo e politizando a revolta. O que acontece nestes casos, como por exemplo o que ocorreu em Gênova durante o Social Fórum G8 em 2001, é uma espiral de violência e surtos que levam à morte e aos mesmos manifestantes pacíficos a romper com o grupo e se afastar, preferindo permanecer em silêncio para não serem associados com os violentos e vândalos. Entrando assim naquele lugar existencial que o antropólogo Marc Augé chama de "não-lugar", ou seja, um contexto fora das normas dinâmicas civis ou da aplicação da lei, onde os movimentos instintivos profundos das pessoas perdem qualquer responsabilidade ou controle, apesar de estar de acordo com outro código que nós não sabemos e reconhecemos a partir do exterior (por exemplo, um estádio de futebol). Assim se alteram línguas, sinais, mensagens (por exemplo, passamos pelos cartéis na ruas de estudantes sorrindos aos vídeos em estilo terrorista de criminosos encapuzados no youtube). Assim, a onda de novidade pela nova forma de palavra vira politicamente terrorismo. Legitimando a violência do estado e da policia que na verdade a gerou... Desta forma, as manifestações e os protestos se apagarão sem nenhum resultado. Esses processos são bem conhecidos pelos políticos, tanto que não se pode excluir que o comando à polícia para intervir violentamente, ao invés de ter sido por razões de ordem pública, inúteis até aqueles momentos, tenha sido dado para gerar esse mecanismo violento e assim acabar com os protestos sem que teriam resultados, de meio e longo prazo. Quem sabe lidar com o poder , sempre sabe algo a mais do que o diabo.

5.            A natureza brasileira, “toda alegria”: é assim, e especialmente agora, é claro, tem o sabor de clichê, mas clichês também têm seus fundamentos. Em particular, o Brasil é, sem dúvida, por sua natureza (sobra aqui, por piedade do leitor, um tratado sobre as razões antropológicas, psico-social e cultural, do porque essas características) não inclinado para a guerra (nunca fez uma), para a fadiga , para o negativismo, para o stress, para a dor e tudo o que implica uma satisfação muito distante de ser imediata. É um povo que não vive de uma memória histórica e não se preocupa muito com o futuro. Você pode reconhecer isso na atitude de repetir os mesmos erros, mesmo quando eles levam a conseqüências desastrosas, em atitude a falta de planejamento e organização, que acontece em todos os níveis. Hoje, neste clima de desenvolvimento, otimismo e velocidade, há uma corrida para o novo, para fazer seus modelos americanos (consumidor) e em se reconhecer  globais. A revolução que se tornou moda ou comercial do jeito mais rápido que nunca antes vi em minha vida .. tao rápido que nem acabou é já é historia, ou propaganda), absorvendo modelos europeus (culturais), o  que pode dar a sensação altamente atraente e moderna de ser protagonistas das revoluções culturais, sendo capazes de comunicar com o mundo, com sua própria linguagem. Descer nas ruas, bem como colocar o próprio status no facebook ou botar um  vídeo no youtube, certamente dá a sensação de ser parte do mundo desenvolvido, em muitos casos, ainda pensado ou imaginado como melhor, pelo menos, porque agora se está falando a mesma língua. É muito forte, na verdade, a atenção dos próprios manifestantes, como o mundo olha para si. há uma grande necessidade de entender o que se está fazendo através dos olhos e dos olhares do exterior: uma outra confirmação de que o que move a base não coincide com a direção de onde está indo. E depois, como já mencionado, falta um verdadeiro líder que possa unir e dar sentido a todos esses diferentes fatores e impulsos diferenciados, de modo a orientá-los para um futuro. No final todo mundo, todos os brasileiros, estão prontos para grandes coisas e mudar o Brasil, mas apenas se não chover e só depois do jogo da Seleção. Uma vez ouvi essa frase, "o brasileiro é o único cara que convida você para o almoço, mas não te dá o endereço." Será verdade? Mesmo os ditados comuns têm, no final, o seu fundamento ...

Em conclusão, todos estes fatores levam-me a argumentar que se a mudança tão esperada coincide com uma mudança substancial no projeto cultural ou prático de reforma do pais, certamente o fenômeno dos "protestos" vão acabar em nada e os “protestos” irão desaparecer como aqueles depois do final de um jogo de futebol  no momento em que começa o jogo seguinte.
No entanto, é importante ressaltar que algo está acontecendo e que estes “protestos” representam um grande passo para a construção de uma verdadeira democracia. O que eu quero dizer? Vimos como, no final, a democracia entendida como representação e representatividade entre os políticos, o governo,o povo e as pessoas, no fundo, ao final, bem existe. O politico em cargo, não é nada mais do que um cidadão comum colocado em uma situação extraordinária que faz o que todos os outros cidadãos fazem  nas situações e com as oportunidades e condições de seu contexto diário. O que estava faltando no entanto, e o que estas demonstrações estão desbloqueando e libertando, na minha opinião, é o significado da democracia como direito de falar, de intervenção, de monitoramento, de controle e feedback que todos os  bons cidadãos deveriam sentir e reconhecer como direito  e ao mesmo tempo como dever. Estes acontecimentos, em essência, preenchem uma lacuna estrutural, uma distância cultural entre as pessoas e a política que até agora permitiu muitas desigualdades. Neste caso, é como se uma criança ainda não tivesse argumentos fortes para apoiar a construção das regras democráticas, mas devido as pressões e as linguagens das novas tecnologias e dos olhos do mundo, está tendo confiança para poder ler e escrever, e dizer a sua opinião de qualquer forma: a democracia é isto também .. e quem sabe na próxima etapa desse processo o povo mesmo vai retirar o voto obrigatório, porque cada cidadão brasileiro vai senti-lo e reconhece-lo como um direito e uma responsabilidade e não como um dever.

Quando chegarmos a esse ponto, então o Gigante terá acordado.

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